05 julho 2013

TRANSPARÊNCIA E INTEGRIDADE! vai no Batalha...




Sem pestanejar e com a coragem que lhe é peculiar, Paulo Morais, o vice-presidente da organização Transparência e Integridade, diz que está farto de ouvir duas mentiras repetidas sistematicamente: Os portugueses andaram a gastar acima das suas possibilidades. Não há alternativa a esta austeridade.


Tomei a liberdade de relativizar as afirmações de Paulo Morais intercalando aqui e ali a minha opinião. O texto de Paulo Morais tem a letra maior.

O viver acima das possibilidades representa 15% da dívida privada portuguesa.

Com todo o respeito, 15% da dívida é muito carcalhol…

As outras componentes da dívida, 85% da dívida pública, foram sacadas ao orçamento do Estado para: a Expo 98; Euro 2004; BBP, submarinos; PPPês.

Com o consentimento, aprovação e voto de muitos portugueses… Mas é verdade que poucos beneficiaram e vamos ser todos a pagar.

Só o que o Estado pagou em 2011 (A MAIS) às PPPês rodoviárias foi cerca de mil milhões de euros. Ou seja, só nas PPPês desperdiçou-se em 2011 tanto como aquilo que deu origem à recente crise.

Um terço dos deputados são directores, consultores, administradores e advogados de empresas que têm grandes negócios com o Estado.

Aqui gostaria de mencionar o desabafo público da ex-deputada socialista Inês de Medeiros de Junho de 2010, que não desmente nem minimiza o que Paulo Morais afirma, apenas reforça a minha opinião de que o Parlamento é um espelho do povo que o escolheu – nem pode ser de outra maneira!

“Se qualquer coisa pude constatar quando cheguei ao Parlamento é que a qualidade do parlamento e dos seus parlamentares é absolutamente equivalente à qualidade da sociedade e dos seus cidadãos. E, sejamos honestos, com vantagem percentual para o Parlamento. E quanto maior é o partido mais popular e representativo também é.”

Mas o Brasil, que está bastante pior do que nós em matéria de corrupção, tem a sorte de ter uma deputada com os tomates da Cidinha Campos – ver aqui.

Em todos os países há uma correlação entre a pequena e a grande corrupção.

Evidentemente, porque todos fazem parte da mesma cultura. Não há um povo bom e um povo mau, o que há é chico-espertos que naturalmente vão puxar a brasa para a sua sardinha. Mas não deixam de ser portugueses nem de não fazer parte do povo por isso…

Ou há moralidade ou comem todos.

Mas isto significa que aceitamos a corrupção como uma fatalidade e, como pensamos que não há nada a fazer, o melhor é roubar também. Resultado: um Estado empobrecido e minado pela corrupção onde nada funciona convenientemente. Conclusão: creio que agora não há alternativa à austeridade.

A política abastardou-se. Temos um país que está em liberdade há 38 anos. Que conquistou a liberdade mas não construiu a democracia.

A Liberdade conquista-se mas a democracia constrói-se…

 

GRANDE VERDADE e vai já para o meu panteão de citações célebres. O exemplo flagrante são as primaveras árabes.

A história do imobiliário neste país:

Mesmo a dívida privada foi construída através de corrupção. (…) Promotores imobiliários que dominam a actividade política, porque são habitualmente os financiadores dos partidos, compram terrenos agrícolas, depois conseguem nas câmaras através de licenças de construção valorizar os terrenos 10 vezes: compram um terreno por 100 mil e ao fim de pouco tempo passa a valer um milhão! Estas margens de lucro em Portugal só existem no urbanismo e no tráfico de droga…

Transparency International Index: Em 2012 (a mais recente) Portugal encontrava-se em 33 lugar, pior do que nós na Europa só a Grécia e a Itália, mas o mais grave é que em 10 anos passamos de 23 a 33… A maior descida mundial em termos de corrupção.

Mas o Presidente da República, que é muito cavaco, acha que a imagem de Portugal ficaria melhor se o Benfica ganhasse a Liga da Europa! Mas Paulo Morais acha que a imagem ficaria muito melhor se Portugal subisse uns furos no index da Transparência Internacional.

9 comentários:

  1. Bloguisses05/07/13, 14:34

    Sempre gostei de ouvir o Paulo de Morais. É uma grande verdade: a Democracia constrói-se. E eu acho que se constrói em cima dos ombros da cidadania que se pode traduzir "oube lá, ó cabrão de merda. Estás a roubar a quem? Estás a roubar ao pobo, seu filho-da-puta?"

    Até o "pobo" aprender a ser intolerante, o "pobo" tem o que merece.

    A corrupção é dos outros mas o desleixo é do "pobo".

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  2. "Não há um povo bom e um povo mau, o que há é chico-espertos que naturalmente vão puxar a brasa para a sua sardinha. Mas não deixam de ser portugueses nem de não fazer parte do povo por isso…"

    Era sobretudo isso queria salientar no comentário anterior. Mas também, uma questão mais vaga, a mentalidade.

    Deixe-me ilustrar com uma historia.
    Há tempos, visitei o centro cultural de Belém.
    Como achei a exposição decorrente na altura, pouco interessante, e porque estava um fim de tarde espectacular, decidi fazer umas fotos do pátio interior. Logo após ter começado, apercebi-me de um furioso toque na janela, que, logo me palpitou, teria a ver com burocracia. Fiz ouvidos de mercador.
    Pouco minutos depois, apareceu uma linda jovem, quase sem fôlego, a dizer que não podia fotografar ali. Ora essa, então porquê? Expliquei que se tratava de um projecto de intercambio cultural. Tentei até argumentar, sobre o absurdo, de proibir de fotografar num lugar de culto das artes visuais. Inútil.
    Era necessário, primeiro preencher uns formulários a explicar o tipo de projecto e aguardar a autorização. Fui aconselhado a parar imediatamente com a recolha de imagens, sobre a ameaça de me por o serviço de segurança à perna.
    Ora bem, imagine agora o CdR, o que será necessário, para arranjar uma barraca, para vender sardinha assada.



    Quanto à deputada Cidinha Campos, não sei se será sorte ou azar para o Brazil. Outra deputada do mesmo parlamento Clarisse Garotinho, expõe com muito aprumo e sem histerias, que a tal senhora Cidinha é uma artista em puxar a brasa para a sardinha dela.

    Voltamos ao gato e ao presunto.

    Não sei se será uma questão de testículos, ou DNA cultural como diz a Cidinha Campos. Se é defeito ou feitio, como se costuma dizer por aqui.

    A construção da democracia, não passa por lengalengas expiatórias, mas por aprender com os erros cometidos. Arranjar instrumentos para responsabilizar quem mija fora do penico. Acabar com as visões que o estado é que tem que resolver tudo. E cortar na burocracia. Isto é, nos presuntos do estado.

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  3. E se a justiça funcionasse neste país, a corrupção seria muito menor. Porque tentativas haverá sempre, mas quando essas tentativas esbarram não só na opinião pública (que devia tratá-los como párias) e, sobretudo nos tribunais a história seria bastante diferente. Responsabilizar, demitir, processar e exigir o dinheiro de volta, ai meus amigos, essa malta ia piar mais baixinho.

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  4. @ Bloguisses: “A corrupção é dos outros mas o desleixo é do "pobo".”

    Precisamente, enquanto a maioria for desleixada, também a maioria (do povo) vai ser roubada descaradamente …

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  5. @ Go_dot: “….. o absurdo, de proibir de fotografar num lugar de culto das artes visuais.”

    Muito bem visto. Seria o mesmo que proibir de rezar numa igreja!!!

    @ Go_dot: “Era necessário, primeiro preencher uns formulários a explicar o tipo de projecto e aguardar a autorização”

    E aqui o CCB coloca-se ao nível de Marrocos… Também está em terra de mouros!

    @ Go_dot: “imagine agora o CdR, o que será necessário, para arranjar uma barraca, para vender sardinha assada.”

    Vender sardinha assada com broa de Avintes e verde tinto é absolutamente impossível de conseguir de Vila Nova de Gaia para baixo. Os mouros desconhecem a broa de Avintes e não gostam de verde tinto! Preferem uma horrível e gaseificada beberagem feita com vinho maduro branco a martelo que eles abusivamente designam por: VERDE BRANCO À PRESSÃO.

    @ Go_dot: “Clarisse Garotinho expõe com muito aprumo e sem histerias, que a tal senhora Cidinha é uma artista em puxar a brasa para a sardinha dela.”

    Talvez, mas é um facto irrefutável que o parlamento brasileiro (o alvo dos ataques da Cidinha Campos) não é um exemplo de transparência e integridade. Veja-se a posição do Brasil no ranking da Transparency International Index.

    @ Go_dot: “Acabar com as visões que o estado é que tem que resolver tudo.”

    E sobretudo ter sempre em mente de que o Estado somos nós, ou seja, perder a mania de que ao ludibriar o Estado estamos apenas a ludibriar terceiros.

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  6. @ Alfacinha: “Porque tentativas [de corrupção] haverá sempre”

    Precisamente. Haverá sempre tentativas e isso em todos os países, ninguém escapa. A ÚNICA diferença entre um país com pouca corrupção e outro com muita, é, como você diz, uma justiça que funcione: responsabilizar, demitir, processar e exigir o dinheiro de volta…

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  7. "Bem, estas bocas!"

    Bem, são quase tudo bocas da corda...

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