22 outubro 2013

A Turquia entre dois mortos





Ebru Umar, uma jornalista holandesa filha de pais turcos, tem na Holanda uma coluna semanal no jornal diário Metro [também existe em Portugal]. Desta vez, encontrando-se a passar férias no seu país de origem, escreveu um artigo com base numa troca de mensagens com a sua mãe na Holanda.



Entre outras coisas queixava-se de ser diariamente acordada às 04:00 da madrugada pela ‘berraria’ vinda da mesquita numa zona balnear onde se encontrava - referia-se naturalmente ao apelo do ‘muezzin’ para a reza. Perguntou à mãe: “mas que raio, haverá mesmo gente que se levanta a estas horas para rezar? Que uma pessoa se levante a estas horas para mijar, ok. O que tem que ser tem que ser. Mas para rezar?”

A mãe respondeu-lhe: “Ebru, tu não te atrevas a desencadear uma discussão sobre este assunto aí, e que nem te passe pela cabeça publicar!”

Mas a Ebru é feita de outra massa e não se deixa intimidar facilmente. De volta a Amesterdão acabou mesmo por publicar a troca de mensagens com a mãe e ainda acrescentou uma conversa com uma amiga local sobre o mesmo tema.

A amiga, apesar de estar de acordo com Ebru, aconselhava, tal como a mãe,  prudência: “nunca se sabe, andam para aí muitos maluquinhos religiosos à solta. O outro dia li no jornal que um tipo sonhou que a mulher e a filha andavam nuas, quando acordou estrangulou-as. Penso que nem os árabes são tão chalados como alguns turcos!? Não Ebru, cá [Turquia] este tema não pode ser discutido, e muito menos publicamente. Davam-te um tiro.”

Ebru volta à carga: “mas porque raio não podemos discutir este assunto como adultos? Porque razão temos que nos calar? Porque razão não se pode desligar a mesquita a partir das 12:00 horas e quem quiser mais reza põe o despertador a funcionar? Em última instância podíamos instituir um referendo!”

A amiga de Ebru, consciente do número crescente de mulheres veladas nos últimos quinze anos, continuava na dela, acrescentando que nem a cosmopolita estação balnear de Cesme [perto de Izmir] escapa à onda islâmica: “Vê lá tu que há dias a empregada da minha mãe perguntou porque razão ela, em dias de festa nacional, dependura na varanda uma bandeira turca com a fotografia ‘daquele gajo que já morreu’ [referência a Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Republica Turca secular. cdr]. Mas o facto de ela passar a vida a venerar o livro de outro morto, que já morreu há muito mais tempo, não a espanta! Não Ebru, só pensei, não disse isto em voz alta. Não é possível."

Em Agosto, depois da publicação deste artigo no jornal Metro, Ebru Umar foi confrontada com sérias ameaças de morte por parte da comunidade turca através de meios de comunicação modernos como Twitter e Facebook, isto quer dizer que se tratava da segunda, ou mesmo terceira, geração de jovens de origem turca que já nasceram na Holanda e os únicos que lêem o Metro.

Isto também significa que a ideologia do actual governo turco de Recep Tayyip Erdogan - fazer esquecer um morto (Mustafa Kemal Ataturk) para mais facilmente fazer reviver um outro (o profeta Maomé) - continua a ter bastante influência nos jovens turcos que se dizem muito holandeses, quando lhes convém…

12 comentários:

  1. Bom artigo. Mostra bem que as relações com os muçulmanos não é nem vai ser fácil.
    EJSantos

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  2. Ups, "não são nem vão ser"
    Porra, é o que dar em escrever de manha cedo antes de tomar o santo café...
    EJSantos

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  3. Ora bem-vindo, não há problema nenhum porque ainda nem sequer tomei café...

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  5. O comentário foi removido a pedido do autor e vai ser imediatamente substituido por uma versão corrigida pelo mesmo.

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  6. Qual é a “tese” deste “post”?

    Aparentemente, é a de criticar jovens turcos (!?) que ameaçaram uma jovem (de origem turca) por esta ter escrito um artigo sobre o seu pais de origem, num semanário holandês de distribuição gratuita.
    Primeiro, nada prova no “post” que as ameaças, recebidas pela jovem, venham de jovens, de pessoas idosas, ou mesmo de cidadãos turcos. O facto de serem mensagens enviadas pela Net ou pelo Twitter, não permite extrair tais conclusões. Podem ser turcos de qualquer idade (sim, também existem turcos idosos que sabem ler/escrever no Twitter!) ou de qualquer outra nacionalidade.
    Segundo, a jovem jornalista, parece ter ficado chocada com algumas manifestações culturais no seu pais de origem. Mas, então, ela não sabia que 80% dos turcos são muçulmanos e que o chamamento para a reza, é uma prática comum nos países muçulmanos? E que a maioria das mulheres nesses países costumam cobrir a cabeça em lugares públicos? Que raio, não é necessário ser antropóloga para perceber isso. Basta ir à Wikipedia (a enciclopédia dos ignorantes) para ler estas coisas simples.
    Depois, o “medo” que a mãe ou a amiga expressam relativamente às eventuais represálias da comunidade turca relativamente às criticas à Turquia de Maomé ou de Ataturk, sendo reais, são normais numa comunidade relativamente pequena e onde o controlo social é grande. Acontecerá em todas as comunidades de imigrantes (marroquinos, surinameses ou portugueses) da primeira geração. Não será desejável, mas é explicável. Também deve haver turcos que pensam de outro modo e não sabemos se são muitos ou poucos...
    Finalmente, do título do “post” deduzimos que a Turquia é um pais que não consegue libertar-se do passado, dividida entre o profeta do Islão e o “pai” da Turquia moderna. Ou seja, um pais que venera mortos, o que o tornaria um pais arcaico e passadista. Nada de mais errado e basta ler a imprensa económica recente, para perceber o seu grau de desenvolvimento em todas as áreas. Tem o maior crescimento económico da zona europeia (5%) e, juntamente com a Indonésia, já é considerado um novo BRIC (economias emergentes mais importantes do Mundo).
    A pergunta que se põe é: mesmo que a Turquia (na óptica da jovem jornalista ou do autor do “post”) seja uma pais menos desenvolvido, qual é o problema?
    Não têm os turcos o direito de organizarem a sua sociedade de acordo com o que pensam ser o melhor para eles, mesmo que este modelo não agrade a muito boa gente nas sociedades ocidentais?
    E qual é o modelo que a Turquia deve seguir?
    Infelizmente, o “post” não nos elucida sobre o que a jovem jornalista pensa sobre este assunto. Talvez nem ela própria saiba. É pena, pois dessa forma podíamos todos partilhar as suas inquietações sobre os ínvios caminhos que o seu pais de origem está a seguir...
    Resumindo e concluindo: relendo o “post” fica-se com a sensação que a história do jovem jornalista é típica de uma jovem emigrante que. educada num pais estrangeiro, fica chocada com manifestações de uma cultura que ela, aparentemente, desconhecia (!?).
    Parecem-me preconceitos a mais, ou, o que é pior, uma visão etnocêntrica da cultura em que o modelo europeu ocidental é apresentado como aquele que deve ser o padrão do desenvolvimento da humanidade.
    Há muito tempo que tais teses deixaram de fazer escola e custa a perceber que ainda haja pessoas que as defendem, mas, pelos vistos, há.

    Rui Mota

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  7. "Qual é a “tese” deste “post”?

    Dar apenas uma ligeira ideia aos leitores de que a maluqueira islamo-fascistóide já contagiou jovens perfeitamente integrados, modernos e prá frentex…

    “nada prova no “post” que as ameaças, recebidas pela jovem, venham de jovens, de pessoas idosas, ou mesmo de cidadãos turcos.”

    Realmente, por cá ninguém pensou nesta possibilidade! Talvez tenham sido portugueses, ou até mesmo chineses?

    Penso que desta vez podemos excluir os portugueses: estão ultimamente muito ocupados com o Benfica para dar atenção às bocas que a Ebru Umar publicou no Metro. E também não é costume da nossa gente exaltar-se a este ponto por causa de opiniões controversas relativas à Turquia (só mesmo o Benfica)…

    Penso também que esta conclusão é válida, e pelos mesmos motivos, para italianos, marroquinos, espanhóis, surinames e todas as outras comunidades existentes na Holanda à excepção dos turcos.

    Podemos também excluir turcos da primeira geração por quatro razões muito simples:

    1. Quando não rezam, bebem chá de maçã na associação (turca) e jogam ao Tric-Trac - actividade muito parecida com o jogo da sueca dos nossos compatriotas, mas estes não bebem, chá! Por esta razão não têm tempo para ler o Metro. Mas mesmo que tivessem tempo, o jornal está escrito numa língua que eles basicamente desconhecem.

    2. Twitter e Facebook são fenómenos que eles ignoram a existência, e para isso teriam que utilizar outra coisa que normalmente não usam: um Smartphone. Eles dizem que isso “é coisa di bicha, jovem”, mas dizem em turco.

    3. No Twitter e Facebook os jovens gostam de colocar avatares, ou seja, uma pequena fotografia deles próprios onde se pode ver perfeitamente a idade.

    4. A linguagem utilizada pela juventude no Twitter é inconfundível, característica e muito difícil, ou praticamente impossível, de imitar de forma a enganar um especialista da polícia. Ou mesmo um amador habituado a este tipo de leitura.

    “a jornalista, parece ter ficado chocada com algumas manifestações culturais no seu pais de origem. Mas, então, ela não sabia que 80% dos turcos são muçulmanos e que o chamamento para a reza, é uma prática comum nos países muçulmanos?”

    E o Rui Mota não sabia que os monótonos (Ui, já estou a falar demais!) sinos das nossas Igrejas, as mulherezinhas a fazer penitência de joelhos, a confissão, as peregrinações a Fátima, a própria existência de Fátima, são TAMBÉM práticas comuns nos países católicos que os socialistas (e outros) ainda hoje não se cansaram de criticar, ver mesmo ridicularizar – e com todo o direito!

    Mas então, com que direito retiramos aos turcos a liberdade de expressão, a necessidade de discutir, ou até mesmo discordar das práticas comuns dos países deles?

    Por enquanto só consigo ver um direito: arrogância etnocêntrica. Hafid Bouazza, um escritor marroquino que vive e escreve na Holanda, vê quase a mesma coisa:

    Há muito tempo que o PvdA [Partido Trabalhista Social-Democrata] vê os muçulmanos como os seus ‘bons selvagens’. Ou, dito de outra forma, os muçulmanos estão para os sociais-democratas como os animais para a Marianne Thieme [líder do Partido (defesa) dos Animais]: Uma perfeita pantalha para projectar meiguice e infinda compreensão cultural. Uma perigosa forma de sentimentalismo.

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  8. Em tempos vagabundeei por Marrocos, o tal apelo do muezzin sempre me inspirou simpatia, uma espécie de calma propicia à introspecção, semelhante aquelas jeremiadas mais profundas do canto jondo, ou ao martírio do fado.

    Claro que não estava a par da lirica. Santa ignorância a minha. Nesse tempo, não existiam enciclopédias proletárias. Só o catecismo do partido, que no que respeitava ao norte de África era tu cá tu lá com o “socialismo árabe.”

    Espero bem que a Ebru, não tenha o sono leve.
    Pelo que me apercebi, em Amesterdão, o apelo islâmico para a reza, reforçado por um altifalante, deve ser tratado como o toque de um sino.
    O único recurso possível, é relativo ao volume e à frequência das chamadas.

    Os crentes, nomeadamente a esquerda confessional, está extasiada com o “intercâmbio cultural, com outras praticas religiosas.”

    ...

    Quanto à tese do poste, é na modesta opinião de quem consulta regularmente a wikipedia, dá graças ao espírito santo pela sua existência, e contribui sempre que pode com algum carcanhol.
    Como ia a dizer, a tese do poste é o medo, a inquietação de não poder dizer o que pensa. De não se poder exprimir/viver em liberdade.

    É também límpido o que ela quer:
    Desmarxizar mais de meio século de brainwash multiculturalista.

    Alertar os holandeses que a liberdade de expressão que damos por adquirida, pode e está a ser subtilmente posta em causa.

    Com boa vontade, talvez até ilustrar que as teses exóticas que a media mainstream nos serve sobre a Turquia, trazem água no bico.

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  9. Em nenhuma frase do "post" são dadas provas de que são jovens turcos que
    fazem ameaças, se bem que isso seja possível. O autor do "post" limita-se a
    extrair conclusões baseadas em preconceitos e não apresenta nenhuma prova.

    Outra questão que não está respondida é a minha pergunta: Mesmo que a
    Turquia seja um país menos desenvolvido, de acordo com os cânones
    ocidentais, qual é o problema? Não vejo problema nenhum. Assim como não vejo problema nenhum no facto da maioria dos portugueses serem católicos ou irem a Fátima, ainda que eu não seja católico.

    Resumindo: não tenha nada contra críticas fundamentadas, mas o que leio são
    assumpções baseadas em preconceitos do blogger. Há centenas de milhares de turcos na Holanda e não consta que pensem todos da mesma maneira ou que façam ameaças a jornalistas.

    Porquê generalizar?

    Mas, posso dar um exemplo de ameaças de holandeses ao jornalista holandês
    Peter Breedvelt (blog "Frontaal Naakt") por ser casado com uma jornalista
    marroquina (Hassnae Bouazza) que é ameaçada regularmente e ameaçada na rua.
    Com provas. Oram vão lá consultar o blog dele e confirmem a minha versão:
    Blog , no post "Vrije Vrouwen", de 10 de Outubro 2013.

    Já agora dêem uma espreitadela aos "links" que ele indica...

    Que se saiba, os holandeses, que ameaçam o casal, não têm propriamente uma
    religião. Só que não toleram que um conterrâneo seu (alto, louro e de olhos
    azuis) possa andar com uma magrebina...

    Se os turcos que ameaçam Ebru são islamofascistas (com o que eu posso
    concordar), como chamar aos holandeses que ameaçam o Peter e a Hassnae?
    Nazis?

    Pois é, o Mundo é sempre um pouco mais complicado que as mentes mais
    simples...

    RM

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  10. RM disse: “Em nenhuma frase do "post" são dadas provas de que são jovens turcos que fazem ameaças, se bem que isso seja possível.”

    Que mais provas é preciso dar, tendo ela publicado os tweets com as caras escarrapachadas dos avatares no jornal? Já vimos que dificilmente seriam portugueses pelas várias razões que mencionei no comentário anterior. Julgava que esta fase já estava ultrapassada, ou é preciso complicar mais a coisa para fazer de conta que não somos mentes simples?

    RM disse: “Outra questão que não está respondida é a minha pergunta: Mesmo que a Turquia seja um país menos desenvolvido, (….)”

    Pelo menos as minhas perguntas, que também não foram respondidas, estão relacionadas com o tema do post!

    Quem falou em desenvolvimento?

    RM disse: “Assim como não vejo problema nenhum no facto da maioria dos portugueses serem católicos ou irem a Fátima,”

    Então é esse o problema: uma total falta de espírito crítico! Uma atitude parecida com a do emigrante português anterior à Revolução dos Cravos: quando um refugiado político (um dissidente) tentava abordar temas relacionados com religião ou política, a sacrossanta resposta era quase sempre “a minha política é o trabalho”. Mas, verdade se diga, nunca fui agredido ao ameaçado ao ponto de precisar da protecção da polícia.

    RM disse: “Há centenas de milhares de turcos na Holanda e não consta que pensem todos da mesma maneira ou que façam ameaças a jornalistas.

    Ninguém desmente que haja centenas de milhares de turcos na Holanda, e diferentes ideologias e formas de pensar! Ebru Umar é a prova disso e não é a única, além disso só recebeu 2000 ameaças.

    RM disse: “Mas, posso dar um exemplo de ameaças de holandeses ao jornalista holandês Peter Breedvelt (blog "Frontaal Naakt") por ser casado com uma jornalista marroquina (Hassnae Bouazza) que é ameaçada regularmente e ameaçada na rua. Com provas.

    As provas do Breedveld são dadas apenas pelo Breedveld e a namorada, no blog do Breedveld. E o Breedveld é um mentiroso patológico que tem por hábito inventar trolls (comentadores fictícios) no seu blog para apoiarem as suas teses e para dizerem que ele é o maior – a namorada idem.

    E disto há provas, e ele e ela tiveram que dar a mão à palmatória, porque quem geria a informática do Frontaal Naakt na altura era o famoso Lagonda (juntamente com o irmão da Hassnae, Hafid Bouazza, o melhor publicista que o blog alguma vez teve), e foi também quem desmascarou a trapaça.

    Por outro lado, não vejo o interesse em ameaçar pessoas que apenas escrevem banalidades politicamente correctas e/ou não têm qualquer projecção ou peso político…

    Mas já que o Breedveld veio à baila, não posso deixar passar este comentário acerca de muçulmanos que ele publicou no FN em Abril de 2009, no tempo em que ele ainda era da corda – antes de ter conhecido a marroquina:

    ”É sempre a culpa dos outros, nunca dos que cometem crimes. Puta que os pariu. Por causa desta gente eu sou cada vez mais de direita, e também sou a favor de esquadrões da morte que durante a noite penetrem nas imediações e façam uma limpeza.”

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  11. 1) Muito bem, a Ebru tem provas de que foi ameaçada (2000 provas). Mas, isso
    só agora foi dito. Nunca foram apresentadas provas no "post" Estou sempre a
    referir-me ao "post" (que é a única fonte de informação que possuo sobre
    este caso) e nele não posso ver as fotografias dos avatares...
    O Peter Breedveldt apresenta provas que são facilmente controláveis. Não me
    parecem ser "trolls". Basta ver os emails reproduzidos no "link" que ele
    fornece com as ameaças que a Hassnae recebeu (depois de ter aparecido no
    programa do P&W) para perceber isso. O argumento apresentado de que ele em
    2009 "era da corda" porque escreveu um (um!) "post" de "direita" não tem pés
    nem cabeça. Não esta aqui em causa se os ameaçados são de esquerda ou
    direita. Está em causa o país cada vez mais racista em que a Holanda se
    tornou. Só assim se explica a subida de popularidade do Wilders (um racista
    envergonhado). O mesmo para a França e outros países europeus, de resto.

    2) O que eu estou a dizer é que não há ameaças más ou boas: há ameaças,
    vindas de fanáticos islamitas e de fanáticos holandeses. Porque é que as dos
    turcos hão de ser piores? E, volto sempre ao mesmo: qual é a opinião dos
    outros turcos que vivem na Holanda? O que eu sempre disse, é que a maioria
    dos cidadãos turcos, ou marroquinos, ou holandeses, não cabem dentro desta
    categoria. São minorias que assim se expressam e isso é sempre condenável,
    mas não é representativo. Temos de ser intelectualmente sérios. Só porque
    não gostamos do Islão (eu também não gosto!) não podemos generalizar. Isso é
    o que fazem as mentes simples.

    3) A questão do desenvolvimento da Turquia tem muita importância, por que
    (malgré tout) continua a ser um país onde há separação da religião e do
    estado e que tem o maior desenvolvimento económico da zona europeia (uma
    coisa vai com a outra). De tal forma, que se candidatou a membro da UE e,
    porque não entrou e continua a ser o de membro observador, a Turquia
    (cansada de esperar) voltou-se para a Ásia e tornou-se mais "fechada" (o que
    explica o revivalismo religioso actual). Se calhar, se a UE tivesse sido
    mais "acolhedora", a Turquia poderia ser hoje menos conservadora, ainda que
    eu pense que (do ponto de vista geográfico) a Turquia seja um país asiático
    e não europeu. Mas, isso não é relevante.

    4) Finalmente, a questão das religiões. Ser religioso e professar uma fé
    (seja ela qual for) é sempre uma escolha pessoal que não me aflige nada.
    Basta eu não ser. Por definição, todas as religiões são profissões de fé e
    cada um acredita naquilo que quiser, mesmo na vida do Além. Uma fé é, por
    definição, um dogma e cada um acredita no dogma que quer. Felizmente, não
    vivemos em sociedades de pensamento único. O espírito crítico sobre as
    religiões não me obriga a atacá-las como fossem possuídas do demónio. Para
    isso, existem os exorcistas...Penso, aliás, que existem problemas bem mais
    importantes no Mundo actual para resolver e que o pretenso "Choque de
    Civilizações" há muito foi ultrapassado. Basta estar atento, informado e ler
    (ler!) para perceber o que é realmente importante nos dias que correm.

    RM

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  12. R.M. disse: ”Nunca foram apresentadas provas no "post" Estou sempre a referir-me ao "post" (que é a única fonte de informação que possuo sobre este caso) e nele não posso ver as fotografias dos avatares…”

    Meu caro, mesmo que tivesses visto as fotografias dos avatares, dirias que as pessoas podem colocar as fotografias que quiserem nos avatares – o que é absolutamente verdade. A única prova real é a linguagem utilizada e a estatisticamente negligenciável probabilidade das ameaças virem de jovens portugueses…

    R.M. disse: ”O Peter Breedveldt apresenta provas….”

    Infelizmente não tenho mais nada a dizer sobre o Breedveld. Só mais isto: a mim parece-me absurdo apresentar uma hipotética ameaça a uma marroquina numa tentativa de amesquinhar uma ameaça a uma turca. Estranha lógica! Como há um empate, é ela por ela, não se passou nada e podemos dormir descansados. E sobretudo calar o assunto que é racismo…

    R.M. disse: ”O argumento apresentado de que ele em 2009 era da corda….”

    Não era um argumento, era apenas um aparte que eu encontrei por acaso (e achei piada!) quando procurava a citação do Hafid Bouazza (irmão da Hassnae) – outro ‘racista’ que ajuda à subida da popularidade do Wilders.

    R.M. disse: ”Não esta aqui em causa se os ameaçados são de esquerda ou direita. Está em causa o país cada vez mais racista em que a Holanda se tornou.”

    No meu post não está em causa nem uma coisa, nem a outra. O Go_dot compreendeu logo à primeira do que se trata: ”a tese do poste é o medo, a inquietação de não poder dizer o que pensa. De não se poder exprimir/viver em liberdade.”

    R.M. disse: ”São minorias que assim se expressam e isso é sempre condenável, mas não é representativo”

    2000 é um número bastante representativo, e se adicionarmos os que não usam Twitter nem Facebook e os que não lêem o Metro, então são mais do que as mães.

    R.M. disse: ”Só porque não gostamos do Islão (eu também não gosto!) não podemos generalizar. Isso é o que fazem as mentes simples.”

    Todos os dias que Alá (salvo seja!) nos dá, podemos ver na tv e nos jornais crimes perpetuados em nome do Islão. Creio que é preciso ser muito simples para não tirar as devidas conclusões que os simples eufemisticamente designam por generalizações. Que é para não terem que tirar as inevitáveis conclusões que iriam certamente abalar as seus apriorismos ideológicos.

    R.M. disse: ”…eu pense que (do ponto de vista geográfico) a Turquia seja um país asiático e não europeu. Mas, isso não é relevante.”

    Tens toda a razão. Não é relevante. Assim como o desenvolvimento económico.

    R.M. disse: ”…. a questão das religiões. Ser religioso e professar uma fé (seja ela qual for) é sempre uma escolha pessoal que não me aflige nada. Basta eu não ser.”

    Pois é, basta não ser. Mas nunca ouviste falar, nem que seja por alto e na wikipédia, em religiões ou ideologias em que uma pessoa não pode deixar de ser quando quer e lhe apetece, sem sofrer assim umas chatices?

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