10 dezembro 2013

Nelson Mandela não pode D.E.P.



Morreu talvez o melhor filho de África e um dos maiores estadistas da história da humanidade. E em que consiste a sua grandeza?

Não propriamente no combate ao Apartheid, porque isso era óbvio e de uma maneira ou de outra muitos outros o fizeram (tanto brancos como negros). Mas sim nos dois exemplos que deu após a sua libertação: a imediata reconciliação com o inimigo e mais tarde, ter passado o poder VOLUNTARIAMENTE aos mais novos.


Duas atitudes nunca vistas em África e em muitas outras partes do mundo. Pena que o homem não pode realmente D.E.P. (descansar em paz), porque os seus sucessores não estão ao mesmo nível. Nem sequer aos calcanhares lhe chegam, nem sequer tiveram a decência para esperar pela morte do homem antes de começar o gamanço generalizado do Estado e a exibir a prepotência típica de políticos de pacotilha. 


Tendo em conta o exemplo que o Nelson Mandela libertado deu ao mundo como figura política, fiquei surpreendido (mas não sei bem porquê!) ao receber de Portugal uma petição para assinar. Dizia esta:


O iniciador nem sequer percebe, tal é a cegueira ideológica, que esta iniciativa está em completa contradição com o espírito reconciliador de Nelson Mandela e toca de aproveitar o defunto para demonstrar a mesquinhez politiqueira que predomina no nosso país para lançar uma petição contra a presença do Presidente da Republica no funeral. Não é o meu presidente favorito, mas isso não está em questão neste preciso momento: foi escolhido democraticamente pelo seu povo em eleições perfeitamente livres e vai representar o seu país entre centenas de ditadores convidados, que ele, por muito que se esforce, nunca irá conseguir igualar em corrupção e maldade…  

3 comentários:

  1. Acho muitíssimo bem este comentário.

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  2. Manuel Moura12/12/13, 18:57

    Claro - é a recorrente emocionalização das coisas (consciente ou não).

    Eu iria mais longe e aceitaria o facto, mesmo que o PR português não fosse eleito democràticamente. Porque, de facto, o que caracteriza um estado independente são os 3 elementos: território, população e poder soberano.
    Logo, tratando-se de um funeral de estado é natural que os outros estados enviem o mais alto representante dos órgãos de soberania (presidente, rei, príncipe, sultão, xeique, etc...)

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  3. Precisamente Zé Manuel.

    Teria sido impossível a África do Sul arranjar um critério, mesmo que quizesse, para selecionar os representantes dos países à entrada, na fronteira.

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