ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM AMESTERDÃO

Quase todos os sábados costumo, em forma de passeio, ir às compras com a minha mulher para o lado contrário onde habito. Vivo na parte este da cidade e desloco-me, a calcantes, precisamente para o lado contrário, onde há um excelente mercado (o Lindenmarkt) ao sábado na parte velha da cidade, no bairro Jordan.

Ora, no caminho entre o Lindenmarkt e a nossa casa, na ilha de Java, somos obrigados a passar pela rua mais bonita de Amesterdão: a Haarlemmerstraat, onde, a meio da rua e na esquina de um prédio monumental, está situado o IBERICUS. (na mesma rua também há uma mercearia fina portuguesa: Casa Bocage)

Não sei muito bem como designar o estabelecimento! Não é um restaurante, nem um café, nem é propriamente um bar de 'tapas'! É um local onde se vende especialidades espanholas - quase exclusivamente presuntos Pata Negra de todas as regiões de Espanha. Presuntos inteiros, presunto avulso, mas também em fatias empacotadas a vácuo, ou então, o que a casa mais vende, presunto cortado no momento (muito fino) numa excelente sande de pão rústico.

E sempre que lá passo costumo comer uma ou duas sandes de presunto e bebo um copo de vinho tinto. Actualmente dizem-me que devido a ordenações camarárias não se pode vender vinho (álcool) a copo em toda a rua! Mas posso comprar uma garrafa de Tempranillo para levar para casa! Quer dizer, sou agora obrigado pela câmara de Amesterdão a comer a minha sande de presunto acompanhada com chá, ou coca-cola!

Ora, na minha cultura, presunto pede obrigatoriamente vinho tinto! Comer presunto e beber coca-cola é, como qualquer ibérico sabe, pior do que cuspir na sopa! Mas a câmara de Amesterdão, a mais à esquerda do país, só tem respeito por culturas ligadas ao Islão, em relação às outras está-se completamente borrifando! Não sei se este respeito se deve a uma 'trendy' atracção do exótico ou medo de levar uma facada!

É por estas e por outras que votei hoje no FvD (Forum voor Democratie). Um partido com uma grande influência estrangeira, nomeadamente 'francesa': o líder do partido chama-se Thierry Baudet e Paul Cliteur, um ilustre intelectual da corda, é a 'éminence grise' do movimento.

Como os franceses já têm alguma experiência na defesa política (e pública!) do Saucisson-Pinard na terra deles, espero que a participação (pela primeira vez) deste partido todo franciú na política camarária, leve a uma alteração positiva do constante desrespeito e descriminação da cultura ibérica no seio da Câmara de Amesterdão...