21 abril 2013

POUPAR ou GASTAR, eis a questão!



Jovens de uma tribo de guerreiras altas, loiras e aleijadinhas de boas (a da esquerda parece ser a actual chanceler alemã). As más línguas dizem que querem dominar o mundo, assim mesmo, com as armas que Deus Nosso Senhor lhes deu…





Carta-aberta a ML em defesa de AM, mesmo não sendo AM do meu partido… (referência aos últimos comentários neste poste)

É evidente que compreendo perfeitamente a ameaça que paira sobra a cabeça dos nossos compatriotas. Tenho familiares dependentes de reformas e amigos de ordenados que representam o valor de um jantar a dois do Eng. Sócrates (peço imensa desculpa mas foi o primeiro nome que me veio à mente!).

Mas a ameaça não é assim tão repentina, porque me lembro muito bem das conferências e dos avisos do Prof. Henrique Medina Carreira, que já têm uns anitos mas não perderam actualidade, pelo contrário. E os que agora chamam nomes à senhora Merkel, na altura ridicularizavam o fiscalista como sendo o novo velho do Restelo… (E por enquanto não vi braços a torcer nem pedidos de desculpa!)

A má governação não poupa os que nunca gastaram mais do que podiam. A má governação provoca fenómenos que não vêem caras nem corações. É como um tsunami, vai tudo à frente. Aliás, as vítimas são geralmente os mais desprotegidos e os mais honestos, porque juntos são também os mais numerosos…

ML, este lançar alertas até de políticos de direita a que se refere, creio tratar-se do actual dilema para combater a crise económica: Uns dizem poupar, outros dizem gastar.

Uma discussão que vem um pouco atrasada para o nosso país, onde já não há mais dinheiro para gastar - foi gasto nos governos anteriores em empreendimentos faraónicos com o consentimento do actual Presidente da República. Optar por gastar implica em Portugal automaticamente pedir dinheiro emprestado. A quem? Invariavelmente à senhora Merkel, a única que ainda vai tendo algum! Não vejo outra alternativa, mas sou todo ouvidos…

E o mais trágico é que senhora Merkel, apesar de pertencer a uma raça muito má segundo os cânones de Maio de 68, até está disposta a emprestar, porque, na minha opinião, faz parte dos políticos ingénuos que ainda acreditam que a UE e o Euro têm futuro.

Mas o problema são os contribuintes alemães (idem holandeses e dinamarqueses), sobretudo os que NÃO pertencem à elite cosmopolita que arranja com facilidade emprego em qualquer parte do mundo. O Fritz povinho está cada vez mais céptico em relação a Bruxelas e menos disposto a arriscar as suas poupanças em malabarismos de alta finança. Sintomático do que estou a dizer é o facto de há dias ter sido criado (pela primeira vez!) um partido político, ALTERNATIVE FÜR DEUTSCHLAND, que tem como tema de base “a Alemanha abandonar a União Europeia e voltar ao Marco”.

A chanceler alemã, como obtém o seu poder de decisão em eleições democráticas, tem naturalmente que ter em conta a opinião pública no seu país, onde os cépticos são cada vez mais numerosos. Digamos que a quantidade destes aumenta proporcionalmente com o número de protestos e de bigodinhos à Hitler colocados na face da senhora Merkel. Na realidade, o esquerdista grego ou português, com os seus insultos e constantes referências de mau gosto à Alemanha Nacional-Socialista, está inconscientemente a reforçar o campo dos adversários da União Europeia nos países do Norte da Europa, e a fazer a vida negra aos políticos que ainda estão dispostos a soltar os cordões à bolsa.

Eu - que faço parte dos que são contra uma Europa Federal, onde no futuro  gregos, italianos e romenos poderiam ter poder de decisão sobre a minha parca reforma -  expresso aqui os meus mais sinceros agradecimentos a toda a esquerda do Sul da Europa, sem excepção….  

5 comentários:

  1. “A senhora Merkel faz parte dos políticos ingénuos que ainda acreditam que a UE e o Euro têm futuro.”

    Não sei se será ingenuidade.
    Um excelente comentário do Leon de Winter sobre este assunto, hoje no Dagelijkse Standaard. Demasiado longo para traduzir por inteiro.
    http://www.dagelijksestandaard.nl/2013/04/het-tegenhouden-van-onze-bankiers

    [...] Que queriam os banqueiros? O que todos querem. Novas fontes de receita, rendimento rápido e prémios suplementares no salário.
    Eu sei que soa um bocado simplista, mas em resumo é isto. Somos levados a reboque por grupos de poder, com os seus próprios interesses e códigos de valor, que de forma alguma reflectem as ideias ou interesses dos povos que dizem representar.

    [...] Para um politico ambicioso, só é possível fazer carreira se conseguir apoio dentro de uma hierarquia politica e estas castas politicas, tem características especificas. Uma delas, é a crença no euro e na próxima redenção da federação europeia. Quem se desvia deste enunciado, é incriminado e pode esquecer uma carreira politica.

    [...] Grande parte da comunicação social, partilha esta fé na Europa. Em Bruxelas, abundam os centros de pesquisa e clubes de jornalismo, tudo subsidiado pela EU.
    Quem em Bruxelas se encontrar na praça principal do parlamento europeu, será confrontado com slogans nojentos sobre a bem-aventurança da Europa.
    Desde as minhas visitas aos países da antiga cortina de ferro, que não era confrontado com este primor técnico de slogans criativos. Os propagandistas da EU sabem que nos, os cidadãos, temos sérias duvidas sobre o idealismo da EU. Por isso recorrem aos antigos métodos da propaganda socialista.

    [...] Não existe uma autêntica oposição no parlamento europeu. A quase totalidade dos participantes, compartilham a crença na missão histórica da união europeia. E caso tenham duvidas, a generosíssima remuneração, será um bom motivo para esquecer as duvidas.

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  2. Eheheheh... Afinal a RDA era um país muito prá-frentex! Se isso fosse em Portugal ia tudo dentro em nome da moral e bons costumes.
    Mas não, isso deve ter-se passado fora do país, nalguma ilha grega soalheira, sei lá...

    Não são as referências ao nacional-socialismo que são de mau gosto. De mau gosto é um país ter descido àquele ponto de degradação com a conivência e o silêncio - para ficarmos por aqui - da população. Da que não acabou nos fornos. E se as atitudes não se repetissem, talvez o resto do mundo não levantasse os dois casos anteriores. Mas a verdade é que regularmente um raio de uma coincidência de tiques põe toda a gente alerta.
    O do bigodinho também fez o que fez exactamente porque teve em conta a opinião da população que votou nele. Pois, opinião pública favorável é mais de meio caminho andado...

    Bom, nada a acrescentar, só um pequeno pormaior que está a atarantar os teóricos da tese 'gastadores do sul': mesmo os países que supostamente foram comedidos nos gastos, não se sentem lá muito bem de saúde. Parece que hoje o mundo acordou (eu só li hoje, pelo menos) para o facto de ter sido recusada ao Reino Unido a classificação AAA. E nem ao euro pertence...

    OK, não percebo nada de economia, apenas faço listas: Grécia, Irlanda, Portugal, Itália, Espanha, Chipre, Hungria, França, Bélgica, Reino Unido... Vou comprar um ábaco para não me perder nas contas.
    Quem tem rabinho tem medo...
    Tenha um bom dia aí na terra da ambrósia e do mel.
    ML

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  3. E como não entendo esse jogo de espelhos fumados que é hoje a economia, limito-me a ler quem sabe qq coisita...

    Moralismo luterano I (Paul Krugman)
    "Além disso, uma parte significativa da opinião pública europeia – sobretudo na Alemanha - é profundamente afeiçoada a uma crença falsa sobre a situação. Fale-se com agentes alemães e eles retratarão a crise europeia como uma peça moral, uma história sobre países que viveram alto demais e agora têm que enfrentar as consequências. Não lhes interessa que isto seja falso – a juntar ao facto igualmente inconveniente de que os bancos alemães estiveram largamente por detrás da bolha imobiliária espanhola. O pecado e as suas consequências é a história que querem contar e hão-de agarrar-se sempre a ela."

    Moralismo luterano II (Joseph Stieglitz)
    Der Spiegel: O problema real não é a falta de competitividade? A Espanha e os outros países em crise têm vivido acima dos seus meios, é por isso que estão com problemas.
    Stiglitz: Não, a crise europeia não é causada por dívidas excessivas e défices. É causada por cortes nos gastos governamentais. A recessão é que causou os défices e não o contrário.
    Der Spiegel: Nenhuma família pode viver permanentemente acima das suas possibilidades. Porque teriam os governos de ficar fora desta regra?
    Stieglitz: Porque os países não são economias domésticas. Se um cidadão cortar nos seus gastos, as consequências para o país não são nenhumas. Mas se for o governo a fazê-lo, as consequências são máximas.

    E, fazendo feliz o novo AÇORDO ORTUGRÁFICU, á maix coisax debaixu dux séux du qe ux nosux olhux alcansaun.
    ML






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  4. @ ML: ”Afinal a RDA era um país muito prá-frentex! Se isso fosse em Portugal ia tudo dentro em nome da moral e bons costumes.

    ML, muito bem visto. Mas não era só na Alemanha comunista que neste capítulo a moral já estava mais prá-frentex do que em Portugal. Também na Alemanha nacional-socialista este à-vontade corporal, esta glorificação do físico era estimulada. Lembro por exemplo o filme da Leni Riefenstahl, Olympia, de 1936, onde os magníficos corpos de atletas germânicos de ambos os sexos podiam ser admirados em todo o seu esplendor.

    Outra coisa que as imagens puritanas de ceifeiras e proletários soviéticos ou chineses, em que a única parte do corpo à vista eram as faces exageradamente vermelhas das mulheres e os antebraços com as mangas invariavelmente arregaçadas dos homens segurando um martelo.

    @ ML: ” Não são as referências ao nacional-socialismo que são de mau gosto.”

    Não estou de acordo ideologicamente com a senhora Merkel mas reconheço-lhe competência e integridade. Ao contrário por exemplo do nosso Eng. Sócrates, a quem não compraria um carro em segunda-mão. Mas isso não é razão suficiente para lhe colar um bigode à Estaline fazendo ao mesmo tempo alusões ao Gulag. Nem sequer me atrevo a compará-lo com Vladimir Putin. Mas se você não vê mal nenhum nisso, be my guest, mas então é tudo uma questão de gostos… Como o canibalismo!

    @ ML: ” Pois, opinião pública favorável é mais de meio caminho andado....”

    Em todo o mundo é e sempre assim foi! Mesmo as mais sanguinárias ditaduras têm o apoio de uma parte da população. É impossível um ditador manter-se muito tempo no poder contra precisamente toda a gente. A razão porque Salazar se manteve tanto tempo no poder não se deve à eficácia da PIDE, mas sim à conivência da maioria e ao silêncio de muitos…

    @ ML: ”mesmo os países que supostamente foram comedidos nos gastos, não se sentem lá muito bem de saúde.”

    Há países, como os EUA, que não são nada comedidos nos gastos, que até têm uma dívida maior do que a nossa. Mas veja se compreende uma coisa: têm uma economia que pode sustentar estas atribulações. Procure saber onde são fabricados a maioria dos aparelhos que usa no seu dia-a-dia e obtém a resposta. O problema de certos países não é apenas viverem acima das suas possibilidades, também, mas é sobretudo não terem uma indústria que fabrique produtos que os outros queiram comprar. Alguns safam-se porque têm petróleo. Outros, nem com petróleo…

    @ ML: ” Se um cidadão cortar nos seus gastos, as consequências para o país não são nenhumas.”

    Se for UM cidadão! Mas se foram 5 milhões, ou seja, se 50% da população portuguesa - que vive directa ou indirectamente do Estado, com tendência para aumentar - começar a cortar nos gastos, as consequências são previsíveis e muito pouco favoráveis para a economia.

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  5. @ Go_dot: ” Não sei se será ingenuidade [de Merkel]”

    Uns são ingénuos, outros crentes e ainda outros acham que voltar atrás é impossível. Mas o resultado é o mesmo. Mas por outro lado, uma coisa é certa, o campo dos cépticos em relação à UE ganha terreno na Europa do Norte.

    Há dias o ex-comissário Europeu Fritz Bolkestein disse sem pestanejar que a Holanda devia abandonar o Euro. Ontem o director do Centraal Plan Bureau, (instituto governamental que aconselha o governo em matéria de economia) Coen Teulings, social-democrata e adepto da UE, acabou finalmente por dizer que o Euro foi um erro, mas acrescentou imediatamente que abandonar o Euro iria custar muito dinheiro.

    Mais um ano de Itália sem governo e de Hollande a meter água em França e talvez ele acabe por achar que afinal abandonar o Euro sai mais barato que manter esta situação insustentável… Quem sabe?

    @ Go_dot: ”só é possível fazer carreira se conseguir apoio dentro de uma hierarquia politica e estas castas politicas, tem características especificas. Uma delas, é a crença no euro e na próxima redenção da federação europeia.”

    No parlamento holandês há dois partidos – SP (socialistas) e PVV (Wilders) - claramente anti-UE, e não são dos mais pequenos. Dos partidos com menos representação, SGP e 50Plus também não vão muito à bola da Europa. Os dois partidos actualmente no governo, PvdA (sociais-democratas) e VVD (liberais), têm realmente uma grande representação no parlamento e são pró Europa, mas ultimamente já se vai ouvindo opiniões dissonantes: no VVD (Bolkestein; Wiegel) e no PvdA (Coen Teulings). Os partidos que apoiam o Euro e a UE sem hesitações - D66 (liberais de esquerda); CDA (cristãos-democratas) – têm cada vez menos representação.

    @ Go_dot: ”Não existe uma autêntica oposição no parlamento europeu. A quase totalidade dos participantes, compartilham a crença na missão histórica da união europeia. E caso tenham duvidas, a generosíssima remuneração, será um bom motivo para esquecer as duvidas.”

    Mas antes da árvore das remunerações secar, tenho cá uma fezada que os jardineiros do Norte da Europa vão ter juízo e retirar a árvore de Bruxelas e os restantes participantes vão ficar em cuecas. De outra forma ficamos todos em cuecas, e isso não convém a ninguém…

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