15 novembro 2013

Viver em total desobediência




Recebi de uma amiga através e-mail, vindo de uma amiga da amiga, uma frase para ver imperativamente, dizendo que “o nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência.”




Vejam como é actual o seguinte texto que Howard Zinn escreveu:

"A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país. É esse o nosso problema."

Pois é Berta,

Mas diz à Isabel Venâncio que o Howard Zinn não inventou à pólvora quando escreveu Desobediência e Democracia em 1968.

Dizer que

“O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência.”

corresponde a dizer que a chuva molha!!!

Líderes são para obedecer, de outra forma não eram líderes mas a nossa mulher a dias!!!

Até parece de propósito e só para contrariar o axioma do Howard, mas é precisamente nos países onde não há UM líder - países sem rei nem roque, os chamados failed states (Somália, Congo, Afeganistão, Sudão, etc) - que há bué de pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade a que Howard Zinn se refere na sua máxima. E muito mais do que nos países em que a obediência civil (voluntária) é vista como uma virtude…

Há mesmo quem diga que os problemas actuais provocados pelo Islão se devem ao facto desta religião, ao contrário do cristianismo, não ter um líder, um Papa. Ou seja, uma referência única com directrizes claras a quem obedecemos sempre, ou nunca, ou só ao Domingo. Na religião católica a doutrina é clara e o Papa, como líder, é o responsável.

No Islão, a falta de um líder provoca a bagunça que assistimos todos os dias que Alá nos dá… Uns dizem que se deve matar todos os infiéis (não-muçulmanos); outros, só os judeus; outros, dizem que judeus, cristãos e muçulmanos fazem parte da mesma família: ‘a gente do livro’; e ainda temos os mais porreiraços, os que dizem que só se deve matar ateus, homossexuais e mulheres adúlteras… Vá lá uma pessoa entender esta gente? Por aqui se pode ver a falta que não faz UM líder, um João-Paulo Mohammed XXIII (mas com algarismos árabes).

Um facto talvez mais relevante para a resolução dos nossos problemas que os postulados new age do Howard Zinn, é ele ter publicado em 1968 o seu livro em total liberdade no seu país, enquanto que na mesma altura, no nosso, o Sr. doutor Oliveira Salazar dizia e repetia que:

"Não se discute Deus e a sua virtude; não se discute a Pátria e a Nação; não se discute a autoridade e o seu prestígio" 

Resumindo, não se podia discutir a ponta de um corno e quem desobedecesse podia ser incomodado. Mas felizmente para o doutor Salazar, a maioria das pessoas no nosso país não gosta de discutir Deus nem a Pátria, e muito menos autoridade e prestígio. E é precisamente por esta razão que ele aceitou ser o líder do nosso país durante 36 anos: por respeito pelo intrínseco carácter do nosso bom povo.

12 comentários:

  1. Elogios da família não contam, dizem que são suspeitos!...

    Mas vamos ao que interessa: lá ganhamos à rasquinha, mas graças ao nosso 'líder' que só se decidiu liderar a 15 minutos do fim da partida...

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  2. Ahahahah. O que é bom é bom, independentemente do resto. E lá está, sem líder iamos para a Suécia com os tímbales (ainda mais) recolhidos.

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  3. Muito bem observado.

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  4. …a obediência civil (voluntária) é vista como virtude
    é aqui que a suína enrosca a cauda.

    A esquerda criou esta ilusão romântica, que, se obediência forçada é igual a servidão, desobediência será igual a liberdade.

    Como despir as amigas das suas amigas, deste deslumbramento ideológico?
    A exaltação da desobediência pelo gosto da desobediência, não passa de uma forma de terrorismo cultural.

    Não será demais repetir, que não é a obediência (cidadania disciplinada), mas a prepotência das verdades indiscutíveis, que leva ao fascismo, terrorismo, gulags, killing Fields etc. E que solidariedade e espírito de comunidade, é inerente ao ser humano e não foi inventado pelo bloco de esquerda.

    Como seduzir as suas amigas mais as amigas delas, para desfrutarem da brisa fresca da liberdade e da livre iniciativa, que só ela, como a palavra sugere, desencadeia novas e inesperadas realidades, que dão forma ao presente, inventam o futuro e expandem a historia.

    PS. Claro que ler livros só faz bem. Mas aquelas formulas magistrais que estão nos livros e nos ajudam a entender o entrelaçado dos acontecimentos passados, não sendo pouco, são só isso. O presente, temos de ser nos a desvendá-lo.

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  5. ”A exaltação da desobediência pelo gosto da desobediência, não passa de uma forma de terrorismo cultural.”

    Precisamente Go_dot,

    por isso é que um génio anónimo pintou numa parede de Lisboa e no período revolucionário após o 25 de Abril, o grafitti que eu nunca esqueci, e que na minha opinião resume perfeitamente a situação e diz tudo:

    ANARQUIA SIM, MAS NÃO TANTA...

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  6. Algum anarco-pacifista tresmalhado!

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  7. Esta frase, apesar de eu nunca a ter visto ao vivo, chegou na altura (75-76) à redacção do Le Monde que, como eu, viu nela imediatamente o humor ao serviço da genialidade.

    Eu e os meus amigos marxistas em Haia não fomos mais longe do que pintar na parede da tasca do Nobre, mesmo em frente à estátua do grande filósofo – nem isso nos conseguiu inspirar, tal era a confrangedora falta de humor da maioria da esquerda portuguesa – Baruch de Espinoza, esta frase:

    CAETANO MOORDENAAR (Caetano assassino)

    A frase ficou intacta na parede durante muitos anos. Mesmo depois do Nobre se ter mudado para o Zuidwaal, onde passou a ser tasca e supermercado.

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  8. Em 75-76 ainda andavam à turra com o Caetano? Nessa altura, os maus da fita, eram o Jaime e o Ramalho.

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  9. "Em 75-76 ainda andavam à turra com o Caetano?"

    75-76 chegou a frase sobre anarquia em Lisboa à redacção do Le Monde, onde nessa altura Portugal estava sempre na primeira página. A nossa frase é anterior, provavelmente 72 ou 73....

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  10. As minhas desculpas pelo descuido com que li o seu comentário.

    Por momentos, pensei que talvez não fosse caso para lamentar a falta de humor dos seus amigos.

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  11. Temos o exemplo de Angola um lider "Novo rico". Resultado novos ricos angolanos que seguem o lider à letra.O Manbo tá bom pra muitos....

    Sente sente sente.... Motherfucker!!!!!!!.... O novo rico angolano vai à loja do chinês na china..... Lindo menino...

    Nada indica no video que ele comprou aquilo tudo. Nem dá a cara, nem quero saber.

    A china atual acaba por ser o king kong da contrafacção a nivel mundial.
    Tenho pena que muitos tenham feito riqueza com o fim da guerra em Angola...

    http://www.youtube.com/watch?v=OJJjP5TMjfM

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