15 março 2017

Quem vota em Wilders?



Em princípio vota quem quer, o voto é livre e um direito de todos os cidadãos. Mas sempre achei estranha esta repetida mentira na imprensa holandesa de esquerda: de que os eleitores que votam em Wilders fossem exclusivamente o lumpen-proletariado holandês - um termo marxista para designar gente miserável vestida de trapos.



E nunca acreditei por duas razões. A primeira é que lumpen-proletariado não existe na Holanda. A outra é que na internet sou diariamente confrontado com comentários de muita gente que escreve e formula bem, e que ao mesmo tempo apoia as ideias e a política de Wilders. Ergo, de certeza que deve haver também académicos a votar em Wilders...

Há dias, no âmbito das eleições de hoje, o Volkskrant (diário de qualidade a atirar para a esquerda), pediu a um jornalista para procurar e entrevistar os eleitores de Wilders com formação académica. O jornalista não teve nenhum problema em os encontrar, mais difícil foi conseguir que estivessem dispostos a esclarecer publicamente o voto em Wilders. Uns reagiam com hostilidade à imprensa que eles designam por 'multiculti e demasiado politicamente correcta', outros temiam pela sua carreira profissional e ainda outros receavam conflitos com amigos e família.

Segundo o jornalista, houve imediatamente leitores que lhe perguntaram se isto não seria uma tentativa para tornar o Partido de Wilders aceitável para pessoas com formação académica? Como quem diz, convém esconder certas verdades!!! Tal como aconteceu nos EUA com a ideia preconcebida que apenas os 'deplorables' estavam dispostos a votar em Trump! Hoje sabemos que mais de 40% dos eleitores americanos com formação académica votaram em Trump.

Mas na Holanda também se sabe que o partido de Wilders é o segundo entre os holandeses do Suriname (Guiana-holandesa), sobretudo entre os hinduístas, que vêm com maus olhos a influência crescente do Islão. E assim também não é de estranhar a existência na Holanda de estrangeiros ocidentais que já não podem com o Islão nem com molho de tomate, e que vêem o voto em Wilders como única solução - é o meu caso. Mas não julguem que sou o único, há mais portugueses que pensam o mesmo, só que têm medo de dizer! Não é o caso do nosso corajoso escritor Rentes de Carvalho (leiam a entrevista no Observador).

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