08 março 2018

ZINEB EL RHAZOUI





No âmbito do dia da mulher, uma entrevista de ontem à noite para a televisão holandesa com a ex-jornalista da Charlie Hebdo Zineb el Rahzoui, a mulher mais protegida de França.



(Até que enfim, uma tipa da corda a dizer 'barbaridades incorrectas' em horário nobre da tv-nacional... E hoje vou assistir a uma conferência com ela na sala De Balie, no centro de Amesterdão. As medidas de segurança são draconianas).

"O homem comum é suficientemente sensato para perceber o que está em jogo. Compreende perfeitamente quem é o verdadeiro inimigo. Infelizmente tenho a impressão que a elite intelectual francesa, mas também política e jornalística, recusam-se a ver o que está a acontecer. Recusa-se a reconhecer que há realmente um problema com o Islão."

Véu Islâmico

"Não quero usar o véu islâmico, quero viver livremente, não quero aceitar uma religião só porque nasci num lugar determinado. Não quero que a minha liberdade de expressão seja limitada, nem a minha liberdade de ser mulher. Toda a minha vida levei esta luta e ultimamente tenho a impressão de nadar contra a corrente."

"Não há um país na Europa que proíba o véu no espaço público, mas as muçulmanas querem mais, não somente querem a autorização como também a normalização do porte do véu islâmico, e querem que o porte do véu seja visto como algo de positivo!"

"Tenho vontade de lhes responder: minhas senhoras, tenho muita pena mas não posso aceitar esta vestimenta como normal enquanto houver na Arábia-Saudita e no Irão mulheres flageladas em público precisamente por terem retirado o véu. Passarei a considerar o véu islâmico uma vestimenta normal no dia em que estas mulheres tenham a liberdade de se vestir de outra maneira."

A jornalista holandesa ainda tenta defender a causa perdida! Comenta em vox off 'muitas mulheres muçulmanas na Europa assentam as suas normas e valores na religião - o que Zineb não compreende'. Seguidamente coloca a pergunta:

E se se trata apenas de uma questão de identidade?

"Quando vejo mulheres à procura da sua identidade vestidas com um saco do lixo preto dos pés-à-cabeça, sob o pretexto que se trata da sua identidade, faz-me sentir por elas uma imensa tristeza! Como explicar que uma holandesa de origem marroquina, que deseja reivindicar a sua origem, marroquina, que na maior parte dos casos se trata de uma origem tamazigh, berbere, vai agora usar um vestuário wahabista da Arábia-Saudita, sob o pretexto que isto é a sua identidade? Mas então, porque não aprender a cultura, a música, o filme e a literatura. É desta maneira que nos aproximamos da nossa cultura, da nossa identidade, das nossas raízes."

"Quando estas pessoas decidem fazer esta busca da sua identidade, esbarram sempre, infelizmente, numa forma de pensar pré-concebida, no salafismo, a ideologia wahabita da Arábia-Saudita. E também em pessoas que lhes dizem: aqui tens, esta é a tua cultura, assim é que deves pensar, isto é o que deves vestir, assim serás um bom muçulmano."

Esta uniformização do pensamento, da vestimenta, da língua, da cultura [eu acrescentaria, da alimentação] é a definição de fascismo. Fascismo é o pensamento único, é uma forma de pensar que destrói toda e qualquer forma de diversidade. 

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