19 junho 2013

Preconceitos e perfeição divina



No Islão não existem preconceitos: ELAS SÃO TODAS IGUAIS...



A mais pequena crítica à religião muçulmana impele o esquerdista ocidental – passando por cima do sofrimento dos dissidentes - a estabelecer imediatamente uma comparação com os anos negros da Religião Católica numa clara tentativa de minimizar, ver mesmo perdoar, os actuais crimes do Islão! Ao mesmo tempo o crítico é frequentemente acusado de generalizar ou de agitar preconceitos racistas - mesmo quando não fala em raças!!!



O que estará por detrás desta estranha atitude?

Tanto quanto a minha experiência humana me diz, a única diferença que existe entre gente de direita e de esquerda em relação a preconceitos, é que os de direita têm preconceitos a dar c’um pau mas estão-se normalmente borrifando. Admitem a imperfeição humana com desportivismo, e alguns (não muitos), quando confrontados com esta sua atitude, até prometem melhoras no futuro que frequentemente não cumprem.

Os de esquerda têm precisamente os mesmos preconceitos mas julgam que isso não pode ser: deve haver certamente engano visto estarem neste aspecto absolutamente convencidos da sua santidade… Ora, um santo não tem ponta por onde se lhe pegue, não tem que prestar contas a ninguém e, obviamente, vai ter mais dificuldade em encontrar em si algo susceptível de aperfeiçoamento.

Verifica-se um fenómeno parecido entre a Igreja Católica e o Islão.

A Igreja Católica, depois de muitas brigas, lá acabou por admitir corajosamente alguns dos seus defeitos de fabrico. Por exemplo que a terra não é plana e que gira à volta do Sol, mas sobretudo a imperfeição do Antigo Testamento. Sentindo-se até na obrigação de escrever um NOVO testamento (imagine-se a trabalheira numa época em que o programa WORD ainda não existia!). No Novo Testamento, muito ao contrário do anterior, a figura principal já não é um Deus vingativo, intolerante e sanguinário, mas sim um tipo porreiraço, pragmático e tolerante: Jesus Cristo. Além disso, um indivíduo que bebia o seu copito, alinhava numas jantaradas com os seus amigos (alguns deles deram mais tarde em apóstolos) e andava amigado com uma prostituta que tinha engatado junto à fonte de Jacob.

O Islão, perante o exemplo de uma figura simpática que deu provas de idoneidade e que aliás está mencionada 18 vezes no seu livro, poderia simplesmente copiar a receita sem pagar direitos de autor! Mas não, ao contrário da cristandade, continua a apostar forte e feio na infalibilidade da palavra de Alá tal como foi transmitida no século VII pelo anjo Gabriel ao ouvido do profeta Maomé. Não há cá mais alterações ou adaptações a fazer. A coisa pelos vistos é perfeita…

A ideia por trás é que Alá tanto era Deus em 642 como agora, em 2013. O que, diga-se de passagem, tem realmente alguma lógica: Deus não é um produto com prazo de validade! Também não é um treinador de futebol que se substitui a meio da temporada por falta de resultados! Resultado, o profeta que serve de exemplo a 1,5 biliões de muçulmanos, é um tipo completamente diferente do nosso J.C.. É mais parecido com o Deus do Antigo Testamento e pouco dado a tolerâncias e modernices.

Ai daquele que levante a mais leve dúvida acerca da palavra de Alá; ou não observe à risca costumes ancestrais que se adaptam mal com os nossos tempos; ou simplesmente entorne café em cima do Alcorão. Tudo isto é suficiente para os clérigos muçulmanos, instigados pelos ensinamentos do Profeta, desatarem a cortar cabeças seja a quem for sem esperar ordens de Alá – paciência é coisa que Maomé também não tinha…

Aqui temos, mais uma vez, a DIVINA perfeição ao serviço da intolerância. E assim já se compreende melhor esta simpatia absurda da esquerda que degenera em tolerância em relação a uma religião que, tal como o esquerdista, não tolera a mais pequena imperfeição humana… 





9 comentários:

  1. Bloguisses19/06/13, 13:57

    Ora nem mais. Só comparando as barbaridades dos "cristanitas" da Idade Média com as barbaridades dos islamitas do pós-moderno é que podemos compreender como podem os crentes ser manipulados pelas elites intelectuais.

    (Que tal o "mix" esquerdista e direitista do parágrafo anterior?)

    Islamitas de agora ou cristanitas de então a cretinice é igual e a miséria que provocam a mesma.

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  2. Carmo da Rosa,

    O esquerdismo parece ter costas muito largas. Também já vi direitistas defenderem com unhas e dentes os muçulmanos. Basta para isso que pertençam àquela direita que não vai muito à bola com judeus.

    Seja como for, há de facto pessoal que relativiza e isso não é bom. Excisão, apedrejar uma mulher porque viu o padeiro antes do tempo, matar quem já não quer pertencer ao clube são práticas que eu não tolero nem nunca toleraria.

    Agora há uma coisa que tu pareces esquecer sempre que escreves sobre a religião da paz. É que já lá estivemos sim e eu quando digo isto não é para aacabar com a conversa mas simplesmente para dizer que um povo pobre, bronco e bruto tem reacções pobres, broncas e brutas. Não foi à muito tempo atrás que os tribunais portugueses eram particularmente lenientes com crimes passionais desde que a vitima fosse a mulher. E eu ainda sou do tempo em que a policia (e o padre) diziam à mulher espancada para ela tratar melhor o marido, tás a ver?

    Só com alguma prosperidade e uma classe média educada é que saímos da gruta e esses países só sairão da gruta quando possuirem por sua vez uma classe média educada e com algum mundo. Classe média essa que prefira ir beber um copo à esplanada do que dar peidos para o ar virados para meca.

    Imagina que os EUA colapsavam e fragmentavam-se diferentes estados-nação. Quanto tempo achas que demorava até a pena de morte por heresia ser implantada em algum deles?

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  3. Bom texto CdR. A opção é não se deixar amordaçar.
    Grande parte da “esquerda” está completamente impermeabilizada para tudo que lhe contradiga os mitos da adolescência.

    Como dizia o poeta das genealogias:
    Nascemos de um parto falso
    D’um coito de ideias tolas
    ... ...

    De resto, está hoje no dagelijkse satandaard um artigo interessantíssimo sobre um grupo de jovens que não acredita na auto imolação cultural. Têm tentado ventilar as suas preocupações (ocuparam a mesquita de Poitiers), mas dos encarregados oficiais da informação nem chus nem mus, nunca tinha ouvido falar deles.
    O filme no website em francês, é uma declaração de guerra, à geração soixante-huitard, do amor livre e do arroz integral.

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  4. Bloguisses,

    Vou reescrever a sua frase para ver se você compreende o que eu inicialmente escrevi…

    “Só comparando as barbaridades dos "cristanitas" da Idade Média com as barbaridades dos islamitas do pós-moderno, é que podemos compreender que não se trata precisamente da mesma coisa."

    E os crentes são geralmente manipulados pela elite eclesiástica, e destes poucos são intelectuais.

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  5. @ Wyrm: “ O esquerdismo parece ter costas muito largas.”

    Não tem as costas largas, tem é os pés muito grandes para ser santo… E o engraçado e sintomático do que acabei de escrever, é que o esquerdista Wyrm, apesar de eu ter distribuído o mal equitativamente pelas duas aldeias ideológicas, sentiu-se IMEDIATAMENTE na obrigação de defender os seus pergaminhos, a sua SANTIDADE.

    Vamos lá ver quantos direitistas vão aparecer por se sentiram ofendidos por eu ter dito que têm preconceitos!

    @ Wyrm: “Também já vi direitistas defenderem com unhas e dentes os muçulmanos..”

    Eu também. Bush, logo a seguir a 9/11 veio acalmar as hostes muçulmanas dizendo em público que o Islão “is a great religion and bla bla bla”. Os de direita, como todos os humanos, têm os seus defeitos. A única diferença é que não estão tão seguros da sua santidade e há menos gente de direita a defender o Islão… Por alguma razão os esquerdistas designam automaticamente de extrema-direita todo aquele que critica o Islão…

    @ Wyrm: “… simplesmente para dizer que um povo pobre, bronco e bruto tem reacções pobres, broncas e brutas..”

    O que aqui vai de racismo meu Deus! Nem o Wilders se atreve a dizer destas, só pensa! O que vale é que te conheço pessoalmente e passo a testemunhar publicamente que não és racista, pelo contrário, és de esquerda, logo quase um santo. Digo ‘quase’ porque já não toleras certas práticas medievais da religião muçulmana e não sei quanto calças…

    Mas a coisa não é assim tão simples como tu a colocas. Para começar eles não são todos pobres, até os países mais ricos e com uma classe média educada são precisamente os mais reaccionários (broncos e brutos segundo a tua expressão). E mesmo na Europa, onde a segunda e terceira geração de muçulmanos, obviamente mais educada e próspera que a primeira (analfabeta e pobre), é também mais ideológica e defensora de um Islão ortodoxo. O suco da barbatana são os rapazinhos (nascidos em Amesterdão, Bruxelas, Berlim, Paris etc) que neste momento combatem ao lado da Al Qaida na Síria…

    É verdade que uma democracia que funcione minimamente só se consegue, como tu dizes, com prosperidade e uma classe média educada, mas os intelectuais muçulmanos seculares dizem – e vou dar a palavra ao poeta sírio Adonis, que veio cá a convite do Poetry International e deu uma longa entrevista sobre este assunto onde diz que a democracia só é possível no mundo muçulmano com um recuo substancial do Islão: separação da religião e da política. E disse mais umas coisas interessantes que vou publicar mais tarde, mas agora vou jogar squash..

    Até logo.

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  6. ... simplesmente para dizer que um povo pobre, bronco e bruto tem reacções pobres, broncas e brutas. ...

    Caro Wirm, subscrevo com reticencias... é preciso dar tempo ao tempo, criar condições etc. Talvez. Mas repare, não se trata do Afeganistão do Marrocos profundo, do Sudão ou do Burkina Faso. Trata-se de Amesterdão, Madrid, Haia, Londres, Estocolmo e por aí fora. É aí que temos que os aturar.
    É por isso que a esquerda tem umas costas larguíssimas. Trata-se de retrocesso, trata-se da traição da “esquerda neo-reaccionária” aos valores tradicionais da esquerda da minha adolescência: Separação entre a igreja e o estado, igualdade entre homem e mulher e sobretudo liberdade de expressão.
    É essa a traição da “esquerda”, em favor dum mito multiculturalista, vão criando espaço para uma ideologia medieval, a que o CdR, chama caridosamente de religião da paz.

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  7. Acho que sim, que tem razão em chamar as coisas pelos nomes. A esquerda ocidental a partir do momento em que elegeu os imigrantes muçulmanos como o novo proletariado europeu descambou totalmente. Onde antigamente se defendiam os direitos dos trabalhadores em relação ao trabalho, saúde, segurança, a equidade de salários entre os sexos, etc. a esquerda começou a defender coisas inadmissíveis em nome da chamada tolerância. Tolerância? Querem destruir o modo de vida ocidental que lhes proporciona tudo o que não têm nos países que deixaram (incongruência das incongruências)e a esquerda utopista ainda os defende e incita. A separação entre estado e religião é um bem precioso, como atestam os desvarios fanático-religiosos de outros ( e infelizmente deste) tempos.

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  8. @ Go_dot: ”Caro Wyrm, subscrevo com reticencias... é preciso dar tempo ao tempo, criar condições etc. Talvez. Mas repare, não se trata do Afeganistão”

    Precisamente, em princípio isto parece razoável: cada povo tem direito às suas maluqueiras. Mas com um mundo globalizado os problemas dos outros acabam sempre por virem parar ao nosso prato.

    @ Go_dot: ”É essa a traição da “esquerda”, em favor dum mito multiculturalista, vão criando espaço para uma ideologia medieval,”

    E o mais trágico é que o Islão é tudo menos multiculturalista, é uma religião/ideologia segregacionista por excelência…

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  9. Alfacinha: ”A esquerda ocidental a partir do momento em que elegeu os imigrantes muçulmanos como o novo proletariado europeu descambou totalmente.

    Precisamente.

    Eu acrescentaria que a esquerda ocidental foi obrigada a trocar de proletariado porque grande parte dos trabalhadores europeus a abandonou. Os trabalhadores europeus sabem muito bem que, mesmo com todos os seus defeitos, se vive muito melhor nos países capitalistas do que nos ‘paraísos socialistas’ que a esquerda apregoa e tende a recriar.

    E assim, o esquerdista utópico, agarrou-se a este novo proletariado como uma bóia de salvação para poder continuar a existir, fazendo-lhe todas as vontades como se de crianças se tratasse. Mesmo que para isso tenha de defender posições anti-progressistas e anti-socialistas. Nem que para isso tenha que vestir uma burka….

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