Um amigo
enviou-me ontem um link com este comentário: “Mortificação da carne, do
espírito e de mais qualquer coisa! Quem conseguir ver esta merda até ao fim,
tem direito a uma indulgência plenária com remissão de todos os pecados e em
data a requerer pelo(a) agraciado(a).”
Abri o link e era o infalível André Rieu em Maastricht na sua incansável missão de popularização da música clássica. (Neste caso preciso a música não é assim tão clássica, mas a abordagem é). Resolvi responder ao meu amigo, que é músico, sobre uma desgraça que me aconteceu recentemente e que tem vagamente a ver com música.
Ó compadre, olhe
que há pior!
Mas por favor não
pense que andei de propósito a procura de algo para contestar a sua aversão
pelo André Rieu! Isto é anterior. É que eu também fui confrontado com uma
mortificação da minha carne sem querer e em plenas férias nos Açores durante o
Campeonato do Mundo de futebol.
Eu explico:
Num momento em que eu já estava lavadinho e fisicamente recuperado de uma
extenuante e longa caminhada à volta de um vulcão na ilha de São Miguel, também
já mentalmente preparado para auferir a recompensa a que tinha direito, depois
dos deveres culturais a que a minha mulher me obrigou, devidamente instalado com umas cervejas, pão
fresco e queijo de São Jorge à minha disposição, mas sobretudo convencido que o canal 1 da
RTP iria transmitir o futebol, tal como nos dias anteriores…
Mas não…
Para mal dos meus
pecados o jogo de futebol da minha preferência era, desta vez, transmitido na
SporTV. Um canal a pagantes que não fazia parte das regalias do apartamento onde
me encontrava em Ponta Delgada!!!
O compadre
conhece bem a minha afeição pela Santa Bolinha. O compadre sabe que eu suporto
tudo menos uma decepção repentina de um projectado imenso prazer. O compadre
consegue imaginar que fiquei pior que estragado e com vontade de rachar a tv em
duas.
Ó compadre, mas o
pior ainda estava para vir. A RTP, em vez do futebol, propunha-me poesia de
verão cantada por três raparigas em cuecas a partir da sua terra natal –
Espinho…
Se conseguir
ouvir sem vomitar, dê atenção à letra, ou seja, a esta moderna poesia espalhada
aos quatro ventos numa terra que se gaba de, e que vive de Camões.
A cantora
chama-se Flor. A música tem título: Vais levar tau-tau, e até tem direito a
autores entre parêntesis! (Carlos Soares / José C. Monteiro). Os autores não têm
vergonha na puta da tromba! Poderiam ter feito o biscate, metiam o cacau ao
bolso e moita carrasco, já não está cá quem falou…
P.S. Neste blogue uma interessante discussão sobre André Rieu.
É verdade! Agora a televisão está assim e em todos os canais (menos na Dois é claro)! Aos domingos temos três programas em simultâneo absolutamente iguais! A receita dos agrupamentos musicais também é sempre a mesma: N músicos a acompanhar um ou uma interprete ornamentados com três ou quatro miúdas muuuito boooas em atitudes de dança! As músicas, para além de serem dum gosto abjecto, são praticamente todas iguais.
ResponderEliminarMas assim é que está bem! Os intelectuais como eu tu e outros quejandos que se fodam. Já foi tempo, quando se fazia televisão para as elites e povo comia e calava; agora é o povo que faz a televisão! O problema é que o povo não é grande coisa a fazer televisão. Mas em todo o caso o povo fica contente e... "Quando o povo está contente, César está contente!"
Resumindo, a política de fazer de cada membro do povo um César falhou redondamente.
ResponderEliminarE tudo começou quando começaram a cantar O POVO É QUEM MAIS ORDENA...etc, etc. Vemos agora o resultado!!! Creio que o pobre do José Afonso já se virou três vezes no caixão e está completamente arrependido de certas coisas que disse.
Mas Deus perdoa – ele na altura estava sob a má influência e companhia de dois irmãos alentejanos muito broncos que só ejaculavam foices e martelos – e parece que ainda ejaculam!.
Ó Rui, mas olha que eu não sou um intelectual, agora imagina que fosse!
Atão não és?!!! Intelectual é aquele que pugna pelo uso da cornadura... julgo que é o nosso caso, porra!
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