Depois de cinco
meses de negociações enquanto os cofres do estado se esvaziavam e durante os quais o governo grego atrasou o jogo fingindo lesões e mandando as bolas
continuamente para fora, chegou finalmente o momento em que Tsipras, o primeiro-ministro grego, teve que
tomar uma decisão - os cofres deviam estar mesmo nas lonas!!! Não, ainda não é
desta! A esperteza cigana arranjou, mais uma vez, um truque para atrasar as
negociações: faz-se um REFERENDO...
Para decidir
afinal o quê?
Percebi que votar
no SIM (nai) é guardar a Grécia (por favor) no seio da União Europeia e pedir
dinheiro emprestado de forma educada aos restantes países europeus. Votar no NÃO
(oxi), é também querer a Grécia na UE e também pedir dinheiro emprestado a
Bruxelas! A única diferença é que os iniciadores do Referendo e apoiantes do NÃO, por uma questão ideológica
dos tempos de infância, não querem dar garantias que vão devolver o dinheiro emprestado, mas querem cuspir na
mão de quem tem a faca e o queijo na mão! A mão que quer dar de comer ao seu povo pelo menos nos próximos seis meses!!!
Como toda a gente
já percebeu em todos os países da União Europeia - menos na Grécia! - há gente
a favor da União Europeia e do Euro e gente contra ambos. Os prós e contras variam
bastante de país (pagador) para país (recebedor). Assim como há excelentes
economistas que debitam sólidos argumentos a favor do Euro, mas também há eminentes
especialistas que afirmam a pé juntos que o Euro desta forma não tem futuro. A
economia pode ser uma ciência exacta, mas como é mais humana do que muitos
pensam, é constantemente corrompida pela ideologia e a cultura que afecta a exactidão dos seus cálculos.
Mas afinal, a
esquerda não é contra o capital?
Exemplo: a
extrema-esquerda grega, actualmente no poder, é contra uma saída da Grécia da
Europa e a favor do Euro (pudera, como não pensam devolver um cêntimo, querem é
mais Euros de borla), mas critica violentamente todos os representantes de
Bruxelas! Vão ao extremo de os insultar de terroristas, até mesmo o socialista Dijsselbloem, que deveria ser seus aliados! É de fazer
perder a paciência a um santo! E a Merkel é só cristã-democrata, não é santa, e
já percebeu que o referendo e outras maluqueiras da esquerda grega são excelentes
argumentos para os adversários da União Europeia. Estes nem precisam de mexer uma
palha - podem continuar a gozar as férias com a família porque a dupla
Tsipras/Varoufakis encarrega-se (finalmente) de trabalhar para eles...
Em França, deitada e a tostar (que bem precisa) numa praia do mediterrâneo, Marine le Pen, sem tirar
os óculos de sol nem levantar a cabeça da toalha e só para chatear o Hollande comentou assim o Referendo grego: "La victoire du NON au
référendum grec ce soir est la victoire du peuple contre l’oligarchie de
l’Union Européenne! C’est un NON de liberté, de rébellion face aux diktats
européens". Precisamente a mesma conversa da extrema-esquerda portuguesa!
Há um grego
algures que me deve à volta de 2000 euros!
Wilders - que por razões de segurança não pode passar férias e talvez por isso não viu
nada de heróico no resultado do referendo grego - muito ao contrário da sua
amiga Marine Le Pen, disse na Holanda que o NÃO deve ser imediatamente
traduzido por um GREXIT: uma saída da Grécia da zona Euro. Lembrou ainda as
promessas não cumpridas do nosso primeiro-ministro para reaver os 25 biliões de
euros que a Holanda tem enterrada na Grécia sem qualquer esperança da gente reaver um dracma... Muito mais não é preciso na Holanda para a malta da corda
votar SIM, no Wilders. Porque, se os adversários da União Europeia têm razão, esta balbúrdia de Bruxelas pode ainda acabar por reduzir a nossa reforma em metade. Os outros, os que acreditam que com
mais uma enorme injecção de capital do Banco Central Europeu (na realidade de todos nós) a Grécia, só com esquerdistas no governo, vai virar uma Suíça à beira-mar plantada num futuro próximo, fazem muito bem em votar outra vez OXI (não). E não se esqueçam de levar
bandeiras vermelhas do Front National e retratos da Marine Le Pen (sem
bigodinhos, que isso eram para a outra).
É fácil compreender o regozijo syrizista: Para os gregos os syrizas são uns heróis, “dão lições de esperança e democracia, tipo: “ ó Solidário, empresta aí a nossa carteira, preciso de uns trocos para comprar um despertador.”
ResponderEliminarO Wilders, sendo um bocado mais pragmático, sabe que a hora de acordar já passou há muito tempo.
Para a Marine, desafiar os eurocratas neo-socialistas está sempre bem. Para eles é: venha a nós e mais do mesmo, +jantares à borla, + imigração, e +europa +europa.
Difícil de compreender, é a aparente indiferença, do resto dos europeus amarrados neste imbróglio, e não só dos que têm de arrotar com a guita.
A União Europeia foi imposta com aldrabices, o euro é uma moeda falsa. Não serve nem gregos nem troykanos.
Estas raparigas Syrizistas, explicam muito bem o assunto.
Trailer: And dreams shall take revenge!
Eu também compreendo perfeitamente que uma situação desastrosa leve as pessoas a acreditar em promessas descabeladas e referendos que não levam a lado nenhum. Mas também compreendo o medo da malta do Syriza do seu próprio povo, quando o povo se der conta que se tratava apenas de promessas.
ResponderEliminarCreio que o Baudet tem razão, a moeda única implica obrigatoriamente uma política conjunta, e isso, como vemos, não é possível. Por isso, o melhor é cada um mija com a sua.
Não há como raparigas gregas para explicar os dramas gregos. Publiquei no Facebook. E agora vou ver ténis, que estou farto de ler coisas sobre gregos.
“quando o povo se der conta”... Geralmente, quem está teso, tem a memoria curta. A alternativa de ficarem para as próximas gerações como condomínio da europa do norte também me parece pouco convidativa.
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