15 julho 2016

ALERTA DE AMEAÇA TERRORISTA





O Coordenador Nacional para Combate ao Terrorismo na Holanda tem uma ideia bastante vaga acerca do terrorismo islâmico e da situação em que nos encontramos, mas a enologia, a ciência que estuda a produção e conservação de vinho, oferece alguma assistência.


Uns dias antes da chacina de ontem em Nice, Dick Schoof, o Coordenador Nacional para Combate ao Terrorismo na Holanda, informou que afinal há provas de combatentes do Estado Islâmico a entrar na Europa juntamente com refugiados, coisa que há uns meses atrás não achava provável. O que pode sugerir que os nossos serviços especiais têm uma ideia bastante vaga da situação em que nos encontramos acerca do terrorismo islâmico!

Dick Schoof aproveitou a mesma altura para acrescentar mais um escalão - CONSIDERÁVEL - aos quatro já existentes no país. Os níveis de alerta de ameaça terrorista na Holanda são agora os seguintes:

1-MÍNIMO: um atentado terrorista na Holanda não é provável.
2-LIMITADO: existe uma ínfima probabilidade de um atentado terrorista.
3-CONSIDERÁVEL: um atentado terrorista na Holanda é concebível.
4-SUBSTANCIAL: a probabilidade de atentado terrorista é real.
5-CRÍTICO: prevê-se algures um atentado terrorista na Holanda.

O atentado em Nice não alterou o nível de alerta na Holanda, que continua no escalão quatro - SUBSTANCIAL.

Até hoje nunca tinha percebido como é possível eleger um nível de alerta com tão pouca informação. Pelo menos, até à data as análises dos especialistas em contra-terrorismo não passam de especulação mais ou menos lógica, mais ou menos plausível. Percebi finalmente. Porque ontem, um dia antes do atentado em Nice, o escritor Christiaan Weijts descreveu magistralmente no jornal NRC como se chega a estas conclusões:

"O problema começa logo quando são precisas palavras para descrever o que não tem palavras. Estas precisões sugerem três números após a vírgula, mas na realidade corresponde a colocar o dedo no ar para ver de que lado sopra o vento. O Coordenador-adivinho parece-se cada vez mais a um enólogo, para quem um "robusto" vinho com "aroma delicado" é substancialmente diferente de um vinho "encorpado" com um "fim-de-boca longo".


Estes códigos de alerta com diferenças tão subtis, servem apenas para darem a ideia de que o Coordenador Nacional para o Combate ao Terrorismo está em cima da jogada e em estado de prever atentados com a precisão de um satélite meteorológico."

4 comentários:

  1. vivemos numa Era de alto grau de imprevisibilidade, apesar de armados até aos dentes de estratégias e tecnologias...mais valia termos permanecido no primitivismo instintivo..talvez a intuição se mantivesse inteligente...

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    1. Eu creio é que a gente vive numa era com as jaulas do jardim zoológico abertas, é claro que desta maneira é difícil de prever os ataques das feras - as feras são por natureza imprevisíveis... Penso eu de que!

      E apesar de ser, para mal dos meus pecados, demasiado instintivo, não quero de maneira nenhuma voltar ao primitivismo - eu que nem consigo lavar os dentes com água fria! :-)

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  2. O bruxo de Fafe, seria capaz de prever os ataques. Até errou na previsão do meu Glorioso, Benfica. São todos uns iluminados, mestres de Jedi no youtube, por amorzinha de deus...

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    1. Eles, especialistas, conseguem prever que há perigo eminente, mas não conseguem acertar quando e onde. Para teres uma ideia, vê a fantástica série francesa sobre contra-espionagem - Le bureau des Légendes. Melhor do que a série americana Homeland...

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