Em princípio vota
quem quer, o voto é livre e um direito de todos os cidadãos. Mas sempre achei
estranha esta repetida mentira na imprensa holandesa de esquerda: de que os eleitores que votam
em Wilders fossem exclusivamente o lumpen-proletariado holandês - um termo
marxista para designar gente miserável vestida de trapos.
E nunca acreditei
por duas razões. A primeira é que lumpen-proletariado não existe na Holanda. A
outra é que na internet sou diariamente confrontado com comentários de muita gente que
escreve e formula bem, e que ao mesmo tempo apoia as ideias e a política de
Wilders. Ergo, de certeza que deve haver também académicos a votar em Wilders...
Há dias, no
âmbito das eleições de hoje, o Volkskrant (diário de qualidade a atirar para a
esquerda), pediu a um jornalista para procurar e entrevistar os eleitores de
Wilders com formação académica. O jornalista não teve nenhum problema em os
encontrar, mais difícil foi conseguir que estivessem dispostos a esclarecer
publicamente o voto em Wilders. Uns reagiam com hostilidade à imprensa que eles
designam por 'multiculti e demasiado politicamente correcta', outros temiam
pela sua carreira profissional e ainda outros receavam conflitos com amigos e
família.
Segundo o
jornalista, houve imediatamente leitores que lhe perguntaram se isto não seria
uma tentativa para tornar o Partido de Wilders aceitável para pessoas com
formação académica? Como quem diz, convém esconder certas verdades!!! Tal como
aconteceu nos EUA com a ideia preconcebida que apenas os 'deplorables' estavam
dispostos a votar em Trump! Hoje sabemos que mais de 40% dos eleitores
americanos com formação académica votaram em Trump.
Mas na Holanda também se sabe que o partido de Wilders
é o segundo entre os holandeses do Suriname (Guiana-holandesa), sobretudo entre
os hinduístas, que vêm com maus olhos a influência crescente do Islão. E assim
também não é de estranhar a existência na Holanda de estrangeiros ocidentais que
já não podem com o Islão nem com molho de tomate, e que vêem o voto em Wilders
como única solução - é o meu caso. Mas não julguem que sou o único, há mais
portugueses que pensam o mesmo, só que têm medo de dizer! Não é o caso do nosso
corajoso escritor Rentes de Carvalho (leiam a entrevista no Observador).
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