VISÃO de 2 de Março: "Como é que um obscuro
funcionário da segurança social se converte no mais conhecido e influente
político da Holanda?"
Infelizmente a
Visão não responde à pergunta retórica da introdução do seu artigo durante o resto
do texto e perde-se em meias-verdades e psicologia da batata! Mas para quem não
conhece em detalhe a situação na Holanda nos últimos anos, a única resposta
possível e lógica para um hipotético sucesso eleitoral de Geert Wilders é esta:
Se os muçulmanos
residentes na Holanda se comportassem como por exemplo os residentes
portugueses, chineses, espanhóis, vietnamitas ou húngaros, Wilders seria ainda
um pacato membro do parlamento holandês pelo partido liberal, não seria
protegido 24 horas por dia e continuaria a ser completamente desconhecido no
estrangeiro...
Wilders apenas
criou um partido, mas o movimento, ao contrário do que escreve a Visão, já
existia. Wilders não é o precursor e isto é importante para perceber o actual
sucesso de Wilders. Pim Fortuijn, também com um partido feito à pressa, também
com base na crítica ao Islão como cultura atrasada e ao multiculturalismo
desenfreado, ganhou as eleições na Holanda no dia 15 de Maio de 2002 com
1.358.942 votos, e isso apesar de ter sido assassinado nove dias antes por um
militante de esquerda...
A Visão descreve
(e neste caso bate tudo certo!) o sucesso de Wilders como sendo "um
resultado espantoso se tivermos em conta que este é um partido quase sem
aparelho, sem quadros dirigentes e onde o número de funcionários a tempo
inteiro não chega sequer à meia centena."
Imaginem agora
que Wilders tivesse um partido com quadros decentes e, como a Visão gostaria, fosse
um tipo simpático, não fosse um terrível provocador e um rebelde com cabeleira
oxigenada! Nesse caso a Holanda correria o risco de Wilders obter a maioria
absoluta com uma perna às costas e governar sem oposição, coisa que não seria do agrado de todos os adeptos do MOVIMENTO...
Sem Wilders e sem
os seus atributos, mas com precisamente o mesmo tipo de problemas, verificamos
o mesmo sucesso eleitoral em França com movimentos como o Front National de
Marine Le Pen e na Alemanha com o recente partido Alternative für Deutschland.
Note-se que fora
os problemas relacionados com o Islão, actualmente tudo corre às mil maravilhas
na Holanda. Por exemplo, indicadores económicos mundiais como Global
Competitiveness Index, colocam o país em quinto lugar, e no Hapiness Ranking (indicador de felicidade) os holandeses estão em sétimo lugar. Digo isto
para evitar que os comentadores adeptos do marxismo não comecem a inventar
graves problemas económicos, greves, fome e guetos que não existem, como única explicação
para todos os problemas do mundo e para o sucesso de Wilders.
Muito bem escrito e bastante elucidativo.
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