Em todo o lado existe corrupção, a diferença consiste apenas na percepção do que é corrupto e nas medidas que cada país toma (ou não!). Por vezes, precisamente a mesma actividade é num país considerada corrupção enquanto que noutro faz parte da normalidade, ver mesmo do folclore local. À parte da percepção, temos ainda o facto da corrupção em certos países ser severamente condenada e noutros o costume é ficar tudo em águas de bacalhau – como se nada tivesse acontecido…
No curto espaço de um ano a Holanda foi assolada por vários casos de corrupção muito falados na imprensa. Directores de um conglomerado escolar que se outorgavam demasiados privilégios à custa do contribuinte: tinham direito a um carro em leasing no valor de 50.000 euros, mas havia uns chicos espertos que davam preferência a dois carros de 25.000 euros! (Um para mim e outro para a família - imagino eu!).
Ou ultimamente o secretário de estado do novo governo que se demitiu do cargo passado dois meses: no seu posto anterior, como comissário da província de Gelderland, era obrigado por lei a viver na cidade de Nimega (onde não vivia), mas declarava viagens de carro e permanências em hoteis na cidade de Zwolle (onde habitava realmente), que fica a 77 km de distância. Segundo o ex secretário de estado trata-se de 800 euros que ele faz questão de retribuir.
Também tivemos o caso Philips, que vai ter que pagar à UE a maior multa até hoje aplicada (313 milhões de euros) por formação de cartel com a Samsung, Panasonic, Toshiba e LG (pertence à Philips) para a venda de televisores com tubos de raios catódicos – que nos últimos dez anos se tornaram obsoletos com o aparecimento dos ecrãs planos. Desta forma os gigantes da electrónica puderam financiar mais facilmente a investigação técnica – feita em conjunto - dos ecrãs planos, mas fez com que o consumidor nos últimos dez anos pagasse demasiado pelos antigos televisores… Há economistas que acham exagero designar esta actividade como fraude, dizem que é mais o pão nosso de cada dia entre multinacionais que querem financiar os altos custos de ‘research’.
Resumindo, toda a gente sabe que não se pode confiar plenamente em políticos, empresários, banqueiros, dentistas, garagistas e choféres de táxi. Tem que haver um mínimo de controlo, desde parlamento a um taxímetro. Mas professores universitários e cientistas sempre foram vistos como exemplos de integridade. Pois não senhora. É tudo a mesma raça…
O professor de Psicologia Social
Em Agosto de 2011 estudantes e académicos de um grupo de pesquisa liderado pelo Professor Diederik Stapel informam o Reitor Magnífico da Universidade de Tilburgo de graves suspeitas de procedimentos fraudulentos em relação a diversas pesquisas e publicações científicas. Uma comissão sob a liderança do Professor Willem Levelt é nomeada, e em Novembro de 2012 é publicado um extenso relatório com provas irrefutáveis que o Professor Diederik Stapel (pelo menos desde 2004) forjava dados em larga escala para que as suas previsões batessem certo com o quadro teórico das suas conclusões…. Era ele quem preenchia as listas de inquérito, inventando respondentes e até estabelecimentos de ensino!
Para quê arriscar uma carreira científica?
Para provar ‘cientificamente’, entre outras maluqueiras, "que as pessoas que comem carne são uns sacanas, uns brutos!" E assim, o Professor Diederik Stapel sugeria implicitamente que os vegetarianos são uns paz de alma e uns bacanos porreiros! As típicas conclusões ‘new-age’ e piegas da esquerda tradicional…
O Pai Natal (São Nicolau na Holanda)
Em Novembro de 2006 a imprensa holandesa, com base numa publicação do European Journal of Social Psychology, titulava: “A lenda do Pai Natal é uma coisa boa, ensina as crianças a repartir equitativamente”. Parecia tratar-se de uma brincadeira mas não era, era mais uma ricamente subsidiada pesquisa científica do Professor Diederik Stapel. Conclusão, o Professor tantas fez, a Universidade e a sua cadeira tantas vezes foram ridicularizadas na imprensa, que acabou por ser finalmente despedido e vai ter que responder em tribunal.
Em Portugal, nação valente e imortal
No nosso país o escritor António Lobo Antunes assume debalde a sua responsabilidade de intelectual cívico, aconselhando lugares de honra a estes nossos modernos egrégios, que ainda estão bem vivos e por aí a saltitar. Os mais realistas ou impacientes dirão que isto não adianta muito, mas seguramente que alivia pra caraças – tanto para quem escreve como para quem lê…
Lobo Antunes:
Não me digas que descobriste que há pessoas más no mundo? ;D
ResponderEliminarDescobri, e para mim foi um choque saber que os de esquerda a final são tão maus como os outros! E eu a pensar que eram (quase) santos...
ResponderEliminarPor falar em Santos, não queres ir na próxima sexta-feira, por volta das 19:30 à tertúlia da APA, comer uma jardineira e beber vinho alentejano entre esquerdistas do tempo da outra senhora?
"Mas professores universitários e cientistas sempre foram vistos como exemplos de integridade".
EliminarNão sei se será tudo a mesma raça, mas uma boa parte da geração dos soixante-huitards, nas ciências sociais, nas artes, no jornalismo e na politica, não tem feito outra coisa nos últimos 30 anos que falsificar a historia. Quem não obtém resultados adequados à fantasia ideológica, era e é simplesmente excomungado.
Um dos exemplos mais perversos, que pode observar todos os dias, é a linguagem da desinformação politicamente correcta dos telejornais.
Tinha ido, tinha, se tivesse visto isto antes... Mas o meu mail ainda é o mesmo! ;)
EliminarPrecisamente Go_dot.
ResponderEliminarE quem, como o criminólogo Hans Werdmölder, apenas nomeia o problema (a problemática integração dos marroquinos) passa mal: nos anos noventa, farto de chatices com os bem-pensantes, parou com o seu trabalho. Felizmente que nos últimos anos voltou a exercer a sua profissão.
Wyrm: ” Tinha ido, tinha, se tivesse visto isto antes.”
ResponderEliminarA comida estava fracota, não estava muita gente, e a gente que estava só falou da criação de um hipotético ranking dos melhores escritores portugueses! Dá-me a impressão que os portugueses só se juntam para esquecer a crise! Fala-se de tudo menos na crise e outras grandes atribulações mundiais.
Resumindo, não perdeste grande coisa e acrescido do frio que fazia na rua, soltavas-me os cães: na tua estima passaria rapidamente de direita para extrema-direita, hahahaha