06 agosto 2014

A MOCIDADE PORTUGUESA




“Quando a alma não é pequena...” é possível encontrar uma relação entre a faixa de Gaza, o Caminho Marítimo para a Índia, a Restauração da Independência e castanha assada.


Um amigo de Gaia enviou-me uma observação assaz pertinente vinda do filho de um amigo comum sobre a omissão, no meu ‘post’ anterior, da origen do Estado de Israel. Mas ao abordar (também) esta questão, que é mais uma das variantes sobre este tema, iria aumentar consideravelmente o número de palavras. Coisa que tento evitar na internet, onde o lema é ‘less is more’.

E olhem que não foi fácil, a certa altura dei comigo a divagar sobre a descoberta do CAMINHO marítimo para a Índia! Porque reparei, de repente, que foi provavelmente a ocupação turca do sul do Mediterrâneo que deu origem aos portugueses 'descobrirem', no século XV, o GRANDE DESVIO marítimo para a Índia…. Acho que fiz bem em retirar estes e outros ‘desvios’ e focar-me só na faixa de Gaza, que já é suficientemente complexa.

A formação do Estado de Israel e suas implicações fica anotado para breve, já que se trata do filho de um amigo que tanto me fez rir no dia da Restauração da Independência, e a quem estou eternamente agradecido, porque a ele devo o meu espírito pouco propenso a nacionalismos acríticos e bacocos…

1 de Dezembro de ± 1962

Para festejar o dia da Restauração da Independência, o temível Miranda (instrutor da Legião Portuguesa da região de Gaia) lembrou-se nesse ano de reunir de manhã bastante cedo e com um frio de rachar os ‘voluntários’ da Mocidade Portuguesa das escolas primárias de Vila Nova de Gaia. Seguidamente, a rapaziada foi obrigada a esquecer patrioticamente o frio e, “cantando e rindo…”, teve mesmo que marchar em calções e de mangas arregaçadas da Câmara de Gaia até ao centro do Porto (creio praça de Carlos Alberto!?) onde, juntamente com outras escolas da região, teve lugar um encontro da Mocidade Portuguesa.

Depois de horas a ouvir discursos patrióticos, mas chatos e sem imaginação, ainda por cima em sentido, em calções e de mangas arregaçadas, e apesar do Luís aliviar bastante este suplício com uma incompreensível boa disposição  troçando de tudo e de todos, pondo seriamente em causa a solenidade do momento, eu esperava impaciente pelas duas palavras mágicas que o Miranda a certo momento deveria berrar, como era seu costume: DESCANSAR; DESTROÇAR…. e que dariam direito à mocidade para abandonar imediatamente as fileiras e comprar castanha assada. Nunca castanhas assadas me souberam tão bem…


Naquele primeiro de Dezembro o Luís confortou-me o espírito e ajudou-me a esquecer o frio, mas as castanhas aqueceram-me as entranhas. E desta forma, a Restauração da Independência Nacional ficou para mim, a partir desse dia, eternamente ligada ao Luís e a castanha assada.

4 comentários:

  1. Estás cheio de sorte! É que eu passei pelo mesmo só que, sem o Luís e sem castanhas: não havia graveto!...

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  2. O Luis não me pediu dinheiro pela sua actuação, e eu j á não me lembro se lhe ofereci castanhas!

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  3. O que nos vale é que não há mal que dure cem anos nem corpo que o aguente!
    Agora a mocidade portuguesa está quase toda emigrada e não está toda porque muitos sabem que no estrangeiro não há castanha assada!
    Como nos maus velhos tempos de resto!

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  4. Condor, tenho por hábito - uma questão de ética 'internetal' - sempre responder a quem se deu ao trabalho de escrever um comentário. No seu caso, também gostaria, mas o seu texto é demasiado críptico para o meu entendimento!

    Seria capaz de traduzir o seu comentário em miúdos, ou estou a pedir muito?

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