Pero che, que Hora est ?
Pressentindo o ar dos tempos, logo de início o
Papa Francisco renunciou ao decadente e piroso fausto do Vaticano. Mas em
relação a divergências sexuais foi mesmo um pouco mais longe ousando afirmar em público: “quem sou eu para julgar”.
Quando o islão lhe dá para retornar às origens
(isso acontece ciclicamente), todos aqueles que sabem algo sobre as tais
origens também sabem como vai acabar: intolerância generalizada, guerra-santa
contra o mundo inteiro e cortes de cabeça. Enfim, os ensinamentos do século VII
do Profeta Maomé postos novamente em prática no actual Estado Islâmico.
Com a Igreja Católica é precisamente o
contrário. Voltar às fontes significa mais tolerância. Ou seja, significa ter
um pouco mais em conta a mensagem de Cristo. Coisa que a Igreja, depois da
morte de Jesus, sejamos francos, nunca fez – ou muito pouco...
Todos os domingos que Deus nos dá a Igreja
apregoa uma coisa e, nas calmas, faz, defende e legitima precisamente o contrário!
Esta discrepância entre a teoria (doutrina) e a prática (liturgia) debitada ao
longo de séculos, começou, sobretudo na Europa, a cansar a malta e o resultado
vê-se nas igrejas vazias. As ovelhas abandonam o rebanho do Senhor para seguir caminhos
ainda mais misteriosos que os do próprio Senhor!
Sem um pastor a guiar-lhes os passos, as
ovelhas tresmalhadas alistam-se em movimentos revolucionários e reivindicam
mudanças rápidas e violentas onde a emenda é quase sempre pior que o soneto; as
mais espertalhaças, com mais fé no negócio do que na doutrina, fazem parte da
Opus Dei ou da mafiosa Igreja Universal do Reino de Deus; outras, igualmente
com jeito para o negócio mas que não querem ir à missa ao Domingo, juntam-se
secretamente em lojas maçónicas; e ainda temos as ovelhas infantilmente ingénuas
que sucumbem facilmente ao charme de gurus munidos com um pêndulo e aspecto de
profetas bíblicos, mas com um discurso mais modernaço e uma especial predilecção
por carros de luxo ingleses e contas bancárias em paraísos fiscais.
Conclusão: estamos rodeados de gente que não
interessa nem ao Menino Jesus e de quem não podemos esperar por enquanto uma
grande contribuição a bem da humanidade. Além disso temos uma Igreja paralisada
em dogmas idiotas e sem resposta para os problemas actuais e um Islão cada vez
mais agressivo. Estamos bem tramados! Nem Deus nos salva...
Talvez este Papa...
O actual Papa Francisco está certamente a par
desta situação e, como não é burro, já percebeu que se a Igreja quiser
sobreviver mais uns anitos tem que fazer pela vida. Pressentindo o ar dos
tempos, logo de início o Papa Francisco renunciou ao decadente e piroso fausto
do Vaticano, mas em relação à divergência sexual foi mesmo um pouco mais longe:
teve a ousadia de afirmar em público “quem sou eu para julgar”.
Quem sou eu?
Na história da Igreja Católica não houve
certamente outro Papa que tenha confessado tamanha impudência! Uma corajosa
tentativa para dar à Igreja o ar de tolerância e de abertura a condizer com os
ensinamentos do seu fundador. Que diabo, ao Redentor nunca lhe passou pela tola
descriminar divorciados, recasados ou homossexuais! Muito menos controlar os seus
discípulos: será que estão a dar uma tranca antes ou depois de casados? Por prazer
ou para se multiplicarem? Que se saiba tampouco perguntou à Samaritana, com
quem trocava uns beijos junto à fonte de Jacob, se era virgem ou se já tinha
muita pedalada? Cristo aceitava as pessoas tais como eram, essa é a essência da
sua doutrina. Intolerantes restrições nunca fizeram parte da sua catequese.
Fazem parte das outras duas religiões do Livro (Islamismo e Judaísmo), não da Sua...
Como é possível que a bispalhada que pulula no Vaticano esteja completamente
enganada? Ou a enganar-nos!
Tenho a certeza que se o Cristo estivesse há
dias em Roma, no último Sínodo, apoiava abertamente a proposta do Papa
Francisco contra os bispos reaccionários ali presentes, citando alegremente Jim Jefferies:
“It is not your
fucking business” (mas em
latim). E teria acrescentado, “se não
querem aceitar as palavras de Cristo, façam as malas e juntem-se ao Estado
Islâmico....”. E aproveitaria
para perguntar aos católicos homossexuais: "porque carga d’água quereis vós a todo o custo casar pela Igreja? EU nunca fui casado e era feliz
com a Maria Madalena...”
Resumindo, acho corajosa e simpática a atitude de
abertura deste Papa. Mas por outro lado espero que a tolerância não ultrapasse as
margens do razoável, porque, dar a outra face aos rapazes do E.I. seria neste
momento um suicídio, seríamos decapitados ou crucificados tal como o Redentor. Seguir os ensinamentos de Cristo sim, mas com moderação - de qualquer forma nunca a Sua estratégia. E não me venham com a treta que Ele
morreu por nós na cruz e que isso já estava escrito. Ele morreu porque o mataram,
mas sobretudo porque era bom demais e não soube reunir à sua volta gente de confiança. O
mesmo pode acontecer a este Papa, a quem já começaram a cortar na sotana
durante o sínodo dos bispos.
Concordo
ResponderEliminarJUlia
Julia,
Eliminare isso porque se calhar não ouviste o fado de Coimbra no link SAMARITANA, senão ainda concordavas mais….
abr.
Muito bom este teu texto. Estou 100% de acordo contigo.
ResponderEliminarSe tivesses carregado nos links SAMARITANA (um fadinho de Coimbra qu'inté dá vida aos mortos e proibidíssimo pelo Cardeal Cerejeira) e no JIM JEFFERIES (o melhor stand-up do mundo e arredores), a concordância subia aí para os 130%….
Eliminarabr.
Excelente, grandes verdades entremeadas de fino humor; então essa alusão à Samaritana...Permite-me apenas um reparo a uma incorrecção provocada sem dúvida pelos teus longos anos na Holanda: não se dá uma tranca, mas sim uma trancada, no entanto se a catraia tiver uma boa tranca, tanto melhor.
ResponderEliminarabr.
Lapidar, caro José Rufino...lapidar!
EliminarÉ claro que tens razão Carmo da Rosa; se a igreja abdica das suas fundações, assim, de um dia para o outro... lá vem tudo por aí abaixo: uma tragédia! Os alicerces da igreja católica são de uma enorme fragilidade dado que de cristãos têm muito pouco! Este papa é de facto um tipo porreiro mas tem que segurar os cabais senão dá merda!
ResponderEliminarRui,
EliminarPrecisamente. O Papa é um tipo porreiro - a designação que se adapta perfeitamente a este Sumo Pontífice (os alentejanos julgam que isto é uma nova marca de laranjada!) e que eu me esqueci de utilizar – mas como tu dizes, e muito bem (parece que estou a discursar na assembleia-geral do Vilanovense), ele tem que segurar os cabais com muito cuidado, porque nem toda a bispalhada tem a mesma visão de abertura do nosso homem...
Dizes, outra vez muito bem, que os alicerces da Igreja são frágeis e de cristãos têm muito pouco. O Pat Condell tem um antigo videoblog acerca deste tema. Se o encontrar mando-te o link.
Abr.
Zeca,
ResponderEliminarPor falar na Samaritana. Por acaso não foste tu que a viste a beijar o Cristo, por um buraco debaixo da tua cama? Bom, prometo não entrar em detalhes....
Eu sei bem que a expressão é ‘dar uma trancada’, mas como ultimamente dou tão poucas, isto deve ser o subconsciente que me faz abreviar, suprimir parte da expressão...
Mas já agora, o que é ter uma ‘boa tranca’?
Abr.
PS Viste o Jim Jefferies?
Claro que eu sei que tu sabes, pensei até que se tratava de um "lapsus tecladoae". Uma boa tranca é um bom pernão, ex.: "Aquela gaja tem cá uma tranca...!"
ResponderEliminarVi o Jefferies mas preciso de ver mais para poder emitir uma opinião.