Jan
Sobieski, rei católico polaco quando rompeu o cerco de Viena em 1683 contra as
tropas turcas otomanas. Sem ele, o que teria sido de nós!
A Polónia não quer receber de bom grado os refugiados do Médio-Oriente, prefere acolher os seus 'retornados', os polacos-étnicos de regiões da antiga União Soviética. Diz-nos Roeland
Termote, correspondente do NRC em Varsóvia.
Depois de terem sido empurrados pelos soldados soviéticos para fora do comboio no meio das estepes do Cazaquistão,
os polacos esgadanhavam a terra com as mãos à procura de algo para comer - como
raposas! Relata à mesa da cantina Eva Petrykiewicz, directora de um liceu em Varsóvia para estudantes de etnia polaca mas vindos dos quatro cantos da ex.
União Soviética.
Estes imigrantes
são o restante das centenas de milhares de polacos que antes e depois da Segunda
Guerra Mundial foram deportados por Estaline para os lugares mais longínquos
possíveis: Sibéria e Cazaquistão. Segundo estimativas do Instituto Nacional da
Memória [histórica] da capital polaca, pelo menos 150 mil foram exterminados
pelo terror soviético. Aqueles que depois da Segunda Guerra Mundial ficaram nas
regiões fronteiriças do leste da Polónia, que actualmente fazem parte da
Letónia, Bielorrússia e Ucrânia, eram vítimas de discriminação.
No momento em que
os governos europeus deitam as mãos à cabeça para arranjar uma solução para os
refugiados da Síria, Iraque e Afeganistão, a Polónia está mais inclinada a
ajudar o retorno dos seus descendentes das regiões polacas que perderam durante
as grandes guerras. Ao contrário dos 400 refugiados do Médio Oriente, que a Polónia
até agora recebeu contra a vontade - imposição de Bruxelas que lhes quer impingir
7000 -, vê o acolhimento destes polacos-étnicos como uma "obrigação
moral".
A vinda de mais
30 mil polacos do Cazaquistão é, segundo muita gente, uma melhor solução para
combater a grave queda demográfica do que receber refugiados do Médio Oriente,
"que têm uma cultura diferente", diz-nos a senhora Petrikiewicz,
acrescentando logo a seguir que "a sociedade polaca não suporta que lhe
imponham outros valores: isso conduziria a terríveis embates."
"Pelo menos
com estes imigrantes [de etnia polaca] não temos problemas. E apesar de muitos
deles nunca terem posto um pé na pátria, sentem-se na Polónia como peixes na
água." Veronika Bogdanovitch, uma aluna de 16 anos filha de pai polaco e
mãe russa, diz que "em casa é na Polónia, não no Cazaquistão - o meu
futuro é aqui."
Na cantina vejo
uma enorme variedade de cores de cabelo, de pele e de fisionomias. Mas a
directora garante que têm um denominador comum, a "POLSKOSC" (polonicidade!):
língua, tradições e religião católica. Apesar de haver um ou outro de
religião ortodoxa e nem todos falarem polaco à chegada, numa coisa diferem das
outras crianças polacas, para eles os valores tradicionais são intrínsecos.
A escola cultiva este tipo de patriotismo, toda a gente é obrigada a aprender a fundo a história da Polónia. Juntamente com actividades circum-escolares tais como música e teatro, aprendem também técnicas de combate ao fogo, jogo do pau [uma ideia para as escolas portuguesas - já temos a tradição. cdr] e tiro com armas militares. Segundo a directora do Liceu, muito ao contrário dos outros jovens mimados, estes novos polacos demonstram um enorme empenho...
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