Escrever um artigo de 470 palavras sobre os
atentados de Paris sem mencionar uma única vez a palavra ISLÃO é obra de um Houdini da retórica...
Como tantas outras pessoas nestes dias (não
sou o único maluquinho) passo o meu rico tempo a ler artigos de jornais, a ver
o que nos diz a TV (muito pouco!) e a espiolhar na internet todo o tipo de
opiniões sobre os atentados em Paris.
A tragédia é-me apresentada sobre todos os
ângulos possíveis. Uns dizem que tudo isto teria sido evitado se o Charlie
Hebdo se limitasse a caricaturar o Sarkozy ou o Papa. Outros dizem que o melhor
é deixar o desenho para as criancinhas. Ainda outros acham que até desenhos de
crianças podem ser perigosos e que o melhor é a gente só falar de poesia,
porque assim estamos todos de acordo e ninguém se zanga... Mas que fazer quando
algum cabrão, como o Salmão, se lembra de estragar a festa da paz escrevendo Versículos
Satânicos?
De qualquer forma, o artigo mais interessante
que li por essa blogosfera fora foi precisamente num site português. O próprio
autor, num rasgo de modéstia, diz a certa altura e eu não desminto, que 'ultrapassa
os prodígios da mais fértil imaginação'. O colunista conseguiu realmente o
impossível, que foi escrever um artigo de 470 palavras sobre os últimos
acontecimentos em Paris sem mencionar uma única vez a palavra ISLÃO....
Estamos aqui confrontados com um Houdini (Huri
Geller, para os mais novos) da retórica. Porque escrever um texto de 470 palavras
sem UMA referência à palavra fatídica, é o mesmo que atravessar o Tejo do Cais
das Colunas até Cacilhas, a nado, sem se molhar! Ou então, utilizando uma imagem
mais moderna, lembra-me a TV-americana. Na tv-americana quando alguém diz um
palavrão, este é automaticamente substituído por um apito. Os adultos sabem a
razão do apito, e até conseguem imaginar o que foi dito no lugar do apito. As
criancinhas também sabem, mas fazem de conta, e assim, os palavrões
substituídos por apitos, são a salvaguarda da paz no seio da família americana.
Escrever um texto de 470 palavras sobre os
atentados em Paris sem mencionar uma só vez a palavra chave, é, também, e da
mesma maneira um enorme esforço a favor da paz no mundo. Aliás o autor,
preocupado, coloca a pergunta retórica: 'ninguém parece ser capaz de nos poder
defender de uma situação semelhante no futuro', para imediatamente avançar com
uma tentativa: 'a solução é mais democracia'.
Neste ponto não concordo com o autor. Mexer
com a democracia implica longos processos políticos com resultados
imprevisíveis. Não, acho que a única solução viável é fazer precisamente o que
ele fez, enfiar um apito nos cornos que reage a palavras controversas: islão,
piiiiip; sharia, piiiiip; Jihad piiiiiip....
E quem também já meteu um apito na caixa
córnea foi o Hans Teeuwen, humorista holandês e grande amigo de Theo van Gogh. Têm a tradução da sua curta palestra a seguir ao vídeo:
Islão, islão. Toda a gente fala do islão. Nós
temos mas é que falar no verdadeiro islão. É evidente que o verdadeiro islão não é a
Al Qaida, nem o Boko Haram, nem o Hezbollah, nem o Estado Islâmico ou o Hamas.
O verdadeiro islão não atira um avião contra um prédio, o verdadeiro islão não
reprime as mulheres ou enforca homossexuais, ou viola menores, ou coloca bombas
em autocarros ou comboios, ou no metro.
O autêntico, o verdadeiro islão, nunca
cortaria a cabeça a jornalistas. Mas que coisa! O autêntico, o verdadeiro
islão, adora cartoonistas, acho-os uns amores e gosta muito de sátira e aceita
perfeitamente a crítica. O verdadeiro islão nunca nos deceparia a cabeça - é
claro que não. O verdadeiro islão acha que a cabeça deve ficar no seu sítio.
Porque o autêntico, o verdadeiro islão, é amor. Como é possível as pessoas não
se darem conta?
Na idade adulta, quem acredita ainda no pai Natal?
ResponderEliminarÉ realmente impressionante esta crença ocidental no Pai Natal, por outro lado demonstra um grande amor por tradições ancestrais de antes do Islão, o que quer dizer que com esta malta a gente ganha a guerra...
EliminarCaros amigos, Salman Rushdie sobre a brigada do “Sim… MAS!...”
ResponderEliminar(Must-see video)