Ele atirou-se a mim com um lápis
Jovens magrebinos comovidos com as notícias dos
atentados e num ambiente 'très' Je-Suis-Charlie, fazem gestos de metralhadora
a disparar por detrás de uma jornalista da i-Télé nos locais do atentado
terrorista.
Traduzido deste artigo do Figaro:
Sem explicações prévias não foi fácil gerir o
minuto de silêncio na quinta-feira passada nas escolas, colégios e mesmo nos
liceus [das zonas problemáticas. cdr].
"Atentado", "terrorismo",
"islão radical", "secularismo", "caricatura",
"liberdade de expressão", "Charlie Hebdo". Tantos conceitos
que seriam necessários explicar nos estabelecimentos de ensino antes de dar
início ao minuto de silêncio em homenagem às doze pessoas assassinadas no dia 7
de Janeiro na redacção da revista Charlie Hebdo.
Limpo-te o sebo com uma kalash
A abordagem destes temas nunca foi fácil. Já
era de prever, segundo os professores que ensinam em zonas onde as tensões
religiosas são intensas. Para evitar chatices, houve mesmo quem preferiu
contornar o momento. "É impossível iniciar um debate sobre este
tema", afirma um professor de filosofia de Essone. Mas houve casos em que
os 'minutos de silêncio' derraparam completamente. "Limpo-te o sebo com
uma kalash..." diz um aluno do quarto-ano ao seu professor durante o
minuto de silêncio.
A virtude da pedagogia
[Quem quiser ter uma ideia do ambiente nestas escolas, pode agora ver aqui o filme ENTRE LES MURS de 2008. cdr]
Numa escola em Seine-Saint-Denis 80% dos
alunos recusam o minuto de silêncio. "Alguns reproduzem um discurso
conspiratório", diz-nos o professor que conseguiu convencer metade da
classe, mas só depois de gastar muita saliva.
À imagem do que se passou nas redes sociais,
com comentários de apoio aos terroristas, certos alunos quiseram também
exprimir as suas convicções. "Ò professor, mas você não percebe, eles não
deveriam ter desenhado o Profeta (...). Ele está acima dos homens", atira
uma aluna do sexto-ano ao professor. No XIII arrondissement de Paris uma aluna interpela
a professora numa aula de Francês nestes termos: "Madame, é possível
recusar o minuto de silêncio? Não me quero recolher para gente desta." Outro
aluno diz-lhe: "Estavam a pedi-las. Quem ventos semeia colhe
tempestade." Nesta classe do terceiro-ano do colégio com 26 alunos, oito
eram contra a decisão de decretar um dia de luto nacional. Num colégio de Roubaix,
um agrupamento de 400 alunos foi dominado por um enorme borburinho e pelos
comentários daqueles que "não compreendiam lá muito bem a intenção",
relata um professor.
Na sua página do Facebook uma professora conta
a terrível quinta-feira, confessando que quer mudar de escola. Diz que foi acolhida
às 8 da manhã com "apoiamos os que os mataram"...
A minha mãe disse-me que eles estavam mesmo a pedi-las
"O que mais me surpreendeu foi a
quantidade de alunos que nem sequer sabiam o que se estava a passar",
confessa no Twitter um professor dos arredores de Paris. No fim da aula alguns
alunos ficam e perguntam-lhe: "Setôr, podemos ver os desenhos da Charlie
Hebdo? Ninguém nos quer mostrar." Efectivamente, muitos deles só
descobriram a revista e as caricaturas no funesto 7 de Janeiro. O professor lá
lhes mostrou alguns desenhos, entre outros o que representa Maomé dizendo É triste ser amado por idiotas. "A
minha mãe disse-me que eles estavam mesmo a pedi-las", atira-lhe um aluno à
cara.
Um professor diz que noutras classes os alunos de
confissão muçulmana sentiam-se incomodados. Em Bourgoin-Jaillieu, na região do
Isère, um jovem de 17 anos de origem magrebina foi espancado no seu Liceu por um
grupo de cinco pessoas à margem do minuto de silêncio.
Só se espantam os palermas que ainda não perceberam com o que e com quem estamos a lidar.
ResponderEliminarRelax. Mais uns 4 ou 5 séculos e isto passa-lhes. Aos cristãos passou-lhes.
ResponderEliminarBloguisses, eu também creio que vai acabar por passar, mas paciência nunca foi o meu forte.
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